29 dezembro 2008

A viagem de Santo Antônio

Santo Antônio, certa vez, escreveu que quando foi para o deserto fazer um retiro de silêncio foi acometido por todo tipo de visão – tanto demônios quanto anjos. Disse que, em sua solidão, algumas vezes encontrou demônios que pareciam anjos , e outras vezes encontrou anjos que pareciam demônios. Quando lhe perguntaram como ele sabia a diferença, o santo respondeu que só se podia dizer quem é quem com base na sensação que se tem depois que criatura foi embora. Se você ficar arrasado, disse ele, então foi um demônio que veio visitá-lo. Se você se sentir mais leve, foi um anjo.

"Comer, Rezar e Amar" no finalzinho de 2008, um ano de muitas tentações.

Lubrificante

É claro que aprendo com a vida, mas é, sobretudo, com a leitura que mais retenho conhecimento, ainda mais quando escrevo. Acredito sim na capacidade de conhecimento sem leitura, sem estudo, sem filosofar, mas acredito com mais convicção que o conhecimento teórico registrado, pensado e discutido por tantos cérebros brilhantes, que hoje absorvemos com tanta facilidade, é um verdadeiro lubrificante para a vida.

Céu ou inferno?

Talvez outras pessoas tenham o mesmo pensamento, mas não o contemplem desta maneira. Li um livro em que um xamã de Bali descrevia idas ao céu e ao inferno. Me surpreendi com sua revelação de que, exceto pela viagem, ambos lugares são iguais. É, isso mesmo, não há diferença entre o céu e o inferno. Fazemos parte de um grande ciclo de purificação, e quando atingimos a elevação espiritual necessária, somos sugados e finalmente nos fundimos ao universo. Seja isso o céu ou o inferno, a diferença será a viagem que você realizou, escolhida necessariamente por você. A ida para o céu é feliz, enquanto a para o inferno, triste e sofrível. Mas o fim sempre será o mesmo.