17 fevereiro 2009

O quarto alagou

O quarto alagou. Desde então tenho dormido nele deste mesmo jeito. Não adianta secar por aqui, quando saímos, ele continuou alagado, e foi lá -naquele quarto alagado - que a minha vida parou, congelou.

Estou trancada, com uma varanda que olha para uma cidade pequena, fria, com certo poder de mudar a vida das pessoas.

Continuou pisando com a ponta dos pés, para não molhá-los, no lado seco ando de salta alto, mas não quero estragá-los com a água.

Preciso limpar essa bagunça, por fim, acho que ela me prende aqui. Já, já farei isso, deixa só recuperar as forças que me foram sugadas, então, voarei para não mais voltar a essas lembranças tristes de palavras frias como aquela cidade que vejo ao anoitecer. São tantas as falas que elas já se rebelaram, renderam o conceito, mantém o motim há dias, alegam que precisam ser libertas, mas estes maus elementos fariam mal a sociedade.