24 outubro 2006

Vamos mudar este quadro!!!


O exercício de representar, expor, reproduzir a vida e legitimar verdades não deveriam estar nas mãos de meia-dúzia de pessoas. Os profissionais que trabalham em TVs, rádios, jornais e revistas deveriam ter uma formação menos preconceituosa. Briga-se tanto para que somente jornalistas diplomados possam exercer a profissão, mas o que aprendemos para merecermos este direito? Técnicas de escrita, história da imprensa, gramática, diagramação, linguística...?! E daí, se não aprendemos a respeitar?! A dar voz a quem precisa de voz? Não acabamos com discursos clichês que reproduzem verdades segmentadas? Mas por que será que não mudamos esse quadro? Não mudamos por falta de vontade, por que somos educados por ... Não raro em trabalhos práticos rimos dos desdentados, achamos lindo que as ONG's ensinem dança e futebol em comunidades ao invés de oferecer educação, inclusão digital, pois assim não teremos a criatividade daquelas pessoas, muito mais sensíveis que nós, como obstáculo para as nossas limitações. Assim enxergamos as populações de baixa renda como personagens do que não tem.
Viva a mídia comunitária: A representação fiel da realidade!!!

Bem vindo a um mundo não representado na mídia tradicional. Ao contrário de nós, eles são generosos. O portão está aberto... a um clique do mouse!!!


http://www.imagensdopovo.org.br/index2.html

19 outubro 2006

Nativo

Andou descalço nas areias a vida inteira./ Sentiu na pele os efeitos bons do sol./ Sentiu na pele os efeitos ruins do sol./ Carrega na essência o cheiro de maresia./ Não esconde os cabelos queimados por raios de sol./ Aprendeu que caminhar na areia fofa da praia fortalece a musculatura da perna./ Aprendeu que o simples caminhar faz bem ao coração./ Aprendeu que no verão a felicidade mora./ Aprendeu também, que a reflexão aumenta com a mudança da estação./ O tempo passou./ O sol muito raiou e as chuvas e tempestades pouco deram o ar da graça./ A sua existência pouco marcou./ Assim julgou-se FELIZ!!!

18 outubro 2006

Brasília: Capital do Rock

Quando estou fora da Capital e numa conversa informal o assunto em pauta é cultura, ouço logo a exclamação de alguém que se julga bem informado: "Ah, Brasília é a Capital do rock!" Diante de alguns que insistem em opinar sobre tudo e todos, concluo que é horrível falar da própria ignorância. Dizer que o Distrito Federal é a Capital do Rock e reduzir a riqueza dos sons que ecoam do Planalto a um único estilo musical é no mínimo uma grosseira, como toda generalização. Aqui a cultura se manifesta por personalidades, gostos musicais, tipos físicos, emoções e desejos extremamente distintos. E, o melhor de tudo, num mesmo espaço geográfico. Por contemplar realidades e essências impalpáveis, especialmente em relação a cultura, o sentido de conservação neste ambiente deve ser primordial. Brasília tem uma importante missão a cumprir.

Cheguei ao Distrito Federal há dois anos. Morar aqui me proporcionou contemplar o quão é bonito o nosso país. Sou presenteada com a convivência com cearenses, cariocas, mineiros, gaúchos, maranhenses, goianos e gente do Brasil a fora. Ao contrário de uma postura anterior, já não discuto espaço físico com ninguém, aprendi que é muito mais válido exaltar a beleza e as qualidades de cada lugar e usar a discussão como ferramenta para melhorar o espaço em que se vive. Com influências culturais tão diversas, este lugar foi erguido em meio a paisagem do cerrado. Daí aprendi aqui que o espaço que se ocupa no mapa não define que sejamos honestos ou "malandros", estigma carregado pelos cariocas ou mesmo trabalhadores ou "preguiçosos", estigma carregado pelos baianos.

Lembro-me de uma metáfora utilizada por Gilberto Gil num discurso sobre produção cultural. Gil comparou a produção cultural a bacias hidrográficas. Em relação a Brasília o que essa metáfora pode ilustrar é que a Capital Federal tem a cultura irrigada por todas as regiões do país. "Imaginem um rio. Um rio com suas águas correntes e cristalinas cruzando um, dois, três, quatro, às vezes dez vilarejos, municípios ou até cidades. Um rio distribuindo suas águas, trazendo vida e progresso para todos esses municípios com suas populações." Disse Gil.

O rock das bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude hoje sede espaço para o hip-hop, característico da Ceilândia; para o samba, produzido no Cruzeiro; para o choro, já tradicional no Clube do Choro. Assim como também já despontou para o reggae do Natiruts e hadcore dos Raimundos. E se estamos falando de cultura, por que não falar do Boi do Seu Teodoro? O bumba-meu-boi é uma das mais antigas tradições culturais do Brasil, muito típica do norte e do nordeste do país. Seu Teodoro, que mora em Sobradinho, veio a primeira vez na Capital em 1961 a convite do poeta Ferreira Gullar para trazer seu grupo de Boi para as comemorações do primeiro aniversário da Nova Capital. Em 1962 mudou-se para a cidade. Esse maranhense dedica sua vida a preservar e propagar uma das mais belas, e já candanga, tradições.

No dia 20 de outubro, do ano passado (2005), a Conferência da UNESCO, em Paris, aprovou a Convenção Internacional de Proteção e Promoção da Diversidade Cultural, um documento vital para a cultura na era da globalização. Sua elaboração e aprovação se devem, em grande parte, ao trabalho do Brasil, ao lado de países como Espanha, França, Canadá, os vizinhos do Mercosul e os países da África. Nessa corrida mundial para a preservação da cultura das mais variadas partes do planeta, eu enxergo Brasília como um micro-sistema que é exemplo para todo Brasil. Não conheço um lugar que abrigue tanto, de forma tão justa, tanta diversidade cultural. Isso se deve a construção desta Capital. A mão de obra veio de todos os cantos do país. A exemplo do Brasil que foi construído por mãos de todas os cantos do planeta. Talvez por isso, tenhamos hoje um grau de diversidade tão raro e devemos assim preservá-lo.

16 outubro 2006

A vida são deveres que nós trouxemos pra fazer em casa. Quando se vê já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos!


Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dada, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada inútil das horas...


Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta
devido a falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

(Mário Quintana)

10 outubro 2006

Quixote solitário

(*Tudo pela educação)

No fim destas férias trouxemos para casa uma bagagem a mais. Na realidade foi um investimento e o custo inicial não foi muito caro, porém o posterior, este sim vai ser caro. A adaptação desta a ordem da casa não vai ser fácil e, nem a nossa, aos seus costumes. O grande problema é o estado bruto que este se encontra, ou melhor esta. Trata-se de uma garota de treze anos e o maior investimento que poderemos fazer é educação, não para nós, e sim, para ela própria.

Preocupada em ocupar o mais rápido possível o tempo dela com algo útil, a matriculei em um curso de inglês. Qual não foi a minha surpresa ao informar a minha mãe a minha decisão e ouvi uma resposta desestimulante: - Para que curso de inglês se ela mal fala o português? Tínhamos chegado ao ponto crucial. Era fácil constatar que esta era uma realidade. Como é que nós vamos resolver o "pobrema" desta 5° série muito mal feita?! Mas onde está o problema? Nos alunos ou na educação?! Neste momento caímos no velho ponto comum de que a educação brasileira é muito ruim. Mas, como sabemos, ser engenheiro de obra pronta é muito fácil! Ou seja, é muito fácil criticar e nunca mover uma palha para melhorar.

Frustada por já ter investido o dinheiro, comecei a refletir uns minutos. Lembrei-me de que a maior motivação que tive ao matriculá-la no curso, não foi só o aprendizado da nova língua, e sim, o aprendizado de ser gente. Criada em um ambiente que mistura amor e ignorância, educação e hostilidade, a garota tem a auto-estima muito baixa e as poucas palavras que saem da sua boca geralmente são críticas. Talvez a proximidade com uma cultura totalmente nova possa estimular a sua sensibilidade e a faça se sentir melhor perante a sociedade.

Talvez daqui há algum tempo ela volte para a Bahia, mais precisamente para Itaparica (Para quem não conhece, uma ilha paradisíaca que fica em frente a Salvador, onde há uma segregação social absurda. Na pequena ilha, com a população menor que a do bairro de Copacabana, acho que de 15 mil habitantes, miséria e riqueza convivem harmoniosamente em um cenário de beleza natural invejável.) E, talvez, alguém pense que teria sido muito mais proveitoso para ela ter feito algum curso profissionalizante e, aí sim, isto seria garantia de emprego. Mas resolvi ser mais ousada e investir em educação.

Isto me lembra uma velha história de um professor de antropologia que levou os seus alunos a uma área muito pobre e os pediu que fizessem um trabalho de avaliação sobre o futuro dos jovens desta comunidade. Em todos os casos, os alunos escreveram: " Eles não têm nenhuma chance". Talvez este fosse o caso de Itaparica, atualmente, e para mudar este cenário, que se repete em tantas outras cidades brasileiras, não é necessário conduzir os jovens pelas mãos e os tirar daquele local, e sim, investir em cultura, educação, incentivar a sensibilidade para que eles possam enxergar a realidade a sua volta. E quem sabe, dessa forma, não teríamos naquele pequeno município, daqui a algum tempo, advogados, arquitetos, médicos, engenheiros e talvez, por azar, algum jornalista.


* Este texto foi escrito por mim há algum tempo, não lembro exatamente quanto tempo, acho que quase dois anos, um ano e meio talvez. O fiz por obrigação, tudo bem... um pouquinho de inspiração. Era uma tarefa de faculdade. Daquelas que o professor passa, você enrola, enrola e na véspera lembra que tem que entregar porque vale nota. Sentei na frente do computador e saiu essa crônica acima. Não está das melhores, mas reflete uma das minhas muitas preocupações. É muito triste pensar que algumas pessoas nascem subjulgadas por outras e serão, por uma vida inteira, alçadas às margens da sociedade sem muita alternativa de vida. Assim como poucos quixotes, que pregam sozinhos por este Brasil afora, eu também acredito que a chave dos nossos problemas está na educação.

06 outubro 2006

Devaneio

Ele é lindo!!! Tem um charme descomunal e um jeito de olhar que nos faz suspirar a cada fim de questionamento seu. A barba por fazer lhe confere uma aparência acolhedora de uma pessoa madura. Por tudo isso, acho que me comportaria muito mal ao seu lado, como uma menina imatura, tamanha a segurança que ele transmite. Preciso confessar: Adoro seus abraços! Parecem abraços de urso de tão fortes e quentes. O piscar de seus olhos, quando me observa a falar, é enlouquecedor. Os seus beijos, mesmo que no rosto - ainda não experimentei de outra forma - são sinceros e desejosos de uma pele macia. Entre perguntas e conversas vagas ao encontrá-lo, escondo a verdade do que realmente desejo conversar, ou não conversar. Apesar disso, sempre finjo estar na correria, para evitar ficar muito tempo ao seu lado, pois sei que num dado momento o silêncio crucial se abateria sobre nós e as palavras não mais saciariam a comunicação.


Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com
fatos ou pessoas reais é mera ilusão. Procure um psiquiatra.

05 outubro 2006

Estarrecida com o Bobo da Corte!!!

Confesso que num acesso de egoísmo e com um certo peso na consciência, quando soube das primeiras conclusões que levaram a queda do vôo 1907, desejei que o LEGACY é que tivesse caído. Não só por serem americanos, mas sobretudo porquê eram 7 em comparação as 155 pessoas do nosso país. Sei que isso é irracional, mas foi um pensamento motivado pela emoção. Agora, não mais pela emoção, e sim pela razão, concluo que seria muito melhor que o avião que transportava os americanos é que deveria ter ido ao chão. As declarações inoportunas do jornalista americano me causam repulsa, aliás, não só a mim, mas a toda nação brasileira neste momento de extremo pesar.

Sem o mínimo pudor, no artigo publicado no NYT ele fala da sua sobrevivência glorificando os pilotos americanos...e em seguida lamenta "a pouca sorte" dos pilotos da GOL!!!! Fora as entrevistas em que o ímbecil americano afirma: "O controle do tráfego aéreo brasileiro é péssimo. Os pilotos americanos correm risco naquele país." Imaginem se o "acidente" estivesse ocorrido no espaço aéreo americano... Imaginem se fossem 155 americanos mortos por imprudência de pilotos brasileiros...

Convido todos a acessarem o blog desta pessoa, que não me arrisco a qualificar, e repetir a lista de 155 pessoas que estavam no vôo da Gol e, ao que tudo indica, morreram por imprudência e irresponsabilidade dos pilotos que estavam brincando de voar no espaço aéreo de uma nação que não a deles. Os verdadeiros "Heros" são os pilotos da Gol que tentaram salvar as vidas de todos, mas que infelizmente só salvaram a vida de pessoas como a do "journalist" americano...
http://www.joesharkey.com/

03 outubro 2006

"Porque são pobres, nordestinos e negros"

O artigo de Maria Inês Nassif, foi dado como o 'mais lido' da 6ª feira no site do Valor Econômico. Trecho: "Talvez por embutir um corte social no eleitorado inédito, este processo eleitoral transborda preconceitos. Primeiro, a análise do fenômeno sociológico do voto do pobre, descolado de formadores de opinião, derivou para o preconceito do "voto vendido" por um prato de comida, simbolizado pelo Bolsa Família. Depois, o voto nordestino foi colocado no mesmo saco do coronelismo, como se tivesse ocorrido uma negociação individual desse eleitor com o candidato a presidente. Agora, entrou em cena o voto dos negros (que, nas pesquisas, são a soma dos pretos e pardos). A última conclusão, derivada da pesquisa do Ibope da semana passada, é que os negros dão menos importância à ética que os brancos - e por isso tenderiam a eleger, em sua maioria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva."
No decorrer do texto a jornalista cita uma avalanche de estatísticas do IBGE, pesquisas eleitorais e de ONG's. Mas a pergunta que não quer calar é: De onde ela tirou essa pesquisa Ibope que conclui que o negro é menos tolerante a corrupção que o branco?! A descoberta foi de uma pesquisa feita sob encomenda pelo jornal O Estado de S. Paulo, publicada na 2ª feira, dia 25 de setembro, intitulada "Rigor com a corrupção na política varia com região e condição social", e subtítulo "Eleitor do Nordeste expressa maior tolerância com desvios do que os do Sudeste, segundo pesquisa 'Estado/Ibope'. Afirma-se na pesquisa que "os que se auto declararam brancos são mais implacáveis com a ética: 88% não votariam num corrupto; os que se autodeclararam pardos cobram menos e 85% não votariam em indiciados por corrupção; mas os que se autodeclararam pretos são os menos rígidos com a ética: só 82% negam o voto a corruptos."
Franklin Martins dispara em seu Blog: "É séria candidata (a matéria) ao primeiro lugar da campanha 'Vamos envenenar este país' em curso em muitos jornalões brasileiros'. E finaliza, "mais um pouco e descobriremos que os pobres, os nordestinos e os negros são os responsáveis pela corrupção no país, que os ricos não têm nada a ver com isso, que em São Paulo nunca se pagou nem se recebeu propina e que os brancos sempre repeliram com veemência a idéia de pagar ou de levar um 'por fora'. " Piada, não?!