28 dezembro 2006

Neste pedacinho de chão (foto acima) eu nasci. Por algum acaso do destino, só nasci. Mas sinto que minhas raízes estão fincadas lá por toda vida. A música Último pau-de-arara, gravada por Luiz Gonzaga, descreve bem essa relação com a terra natal:


Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço
Eu vou ficando por aqui
Que Deus do céu me ajude
Quem sai da terra natal
Em outros cantos não pára
Só deixo o meu cariri
No último pau-de-arara

A profecia não se cumpriu de todo comigo. No primeiro pau-de-arara deixei meu cariri, a época representado por meus pais. Porém em outro canto não páro. Amanhã faço o caminho de volta e, dessa vez, só deixo meu cariri no último pau-de-arara. Pulsos sem relógio, vou à terra onde o tempo parece não passar.

Até mais ver,




26 dezembro 2006

Devolva o Neruda que você me tomou, o resto é seu

O teu riso

Pablo Neruda

"Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito brota da tua alegria,
a repentina onda de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados às vezes por ver que a terra não muda, mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e me abre todas as portas da vida"

A leveza depende de um ambiente propício





...

...

18 dezembro 2006

Drão

Uma das músicas mais lindas que conheço, de uma beleza descomunal, de uma generosidade incomum, principalmente quando falamos do fim de um relacionamento. É o aprendizado de outras formas de amar. O verdadeiro sentido do amor universal, o amor que deve ser doado, que nunca se perde, que se transforma. Gratidão, generosidade mesmo. Passei o final de semana com ela na cabeça, isso me trouxe tanta paz que resolvi publicá-la aqui e dividir essa lição. Vale lembrar a historinha: Gil compôs a música para a ex-mulher Sandra. Chamada de Drão pelos mais queridos, por causa do Sandrão.

Drão o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar plantar em algum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada pela estrada escura

Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito
Imenso monolito, nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminha dura
Cama de tatame pela vida afora

Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morre, nasce, trigo, vive morre, pão
Drão

14 dezembro 2006

Nunca fui de despedidas

Era uma sexta-feira chuvosa. Na noite anterior ele havia implorado para que eu passasse o final de semana ao seu lado, de pirraça dizia não seguidas vezes - no fundo a minha vontade latejava tanto quanto a dele. Fim de expediente, resolvo ligar.
- Oi, - disse - quero dormir contigo. Mas só ouvi um silêncio do outro lado e um seguido: tum, tum, tum...

Não sei o que pensar, nem há tempo para pensar nada, logo em seguida o meu celular toca, é ele. - Desculpa, estava na frente do Capitão. O que você disse? Respondi repetindo a frase. Ele ria sem parar, foi o bastante. - Me pega no shopping daqui há uma hora! Ele concordou.

Cheguei duas horas e 40 minutos depois de desligar o telefone. Uma amiga carente me pegou para desabafar, não poderia revelar o meu compromisso, ela não aprovaria. O vejo de costas, mãos no bolso, respiro fundo e me aproximo com a cara e coragem. Ele parece que sente a minha aproximação e se vira. Depois do abraço pedi desculpas, ele não se importou, revelou que a única preocupação era com a minha chegada. Não era muito confiável ao marcar compromissos.

Chegamos no seu apartamento já muito tarde, no caminho uma discussão pois ele não havia me revelado que estava de serviço no dia seguinte. Iria embora, mas resolvi ficar. Às cinco da manhã, sonolenta, vejo uma movimentação estranha no quarto. Não dei importância. Ele se levantou, tomou banho, se trocou e saiu. Constatei depois de alguns minutos que realmente estava sozinha na cama. Levanto e me assusto, estou trancada no seu apartamento sozinha.

Voltei para cama, mas não consegui mais dormir. Ele não seria louco de ir trabalhar e me aprisionar em casa. Levantei novamente, percorri o apartamento olhando as mínimos detalhes, nada muito íntimo, cozinha e sala. Tomo banho e vou estudar um material da faculdade, tento me sentir natural naquela situação. Não vejo o tempo passar, quase 8h e ouço passos no corredor. Agora o ouço o barulho das chaves e vejo o trinco da porta rodar. Ri ao vê-lo encharcado quando abriu a porta. Chovia muito. Não ousou me tocar.

Contou que havia ido ao quartel trocar o serviço com alguém, era para se redimir do erro. Preparou açaí para nós, fez lasanha para o almoço. O dia chuvoso passou rápido. Torçemos para que o domingo fosse de sol, queríamos ir a praia. Triste ilusão. O domingo amanheceu cinza. Fui para casa no final da tarde. Estava feliz.

Na segunda troquei o celular e começei em um novo emprego, iniciei uma nova fase da minha vida. Nada de explicações. Passaram-se dois meses e nenhum contato. Resolvi ligar, no dia seguinte era meu aniversário. Percebo o seu susto do outro lado da linha. Expliquei tudo que deveria ter explicado naquele final de semana, as minhas necessidades eram outras. Ele não me perdoou, disse que eu havia bagunçado a sua vida, depois o deixei para arrumar sozinho. Ele ainda catava coisas espalhadas nos sentimentos. Isso doeu em mim. Sabia que não tinha o direito. Avisei do meu aniversário no dia seguinte e passei os meus novos telefones.

Passei o dia todo fora. Ao chegar em casa piscavam mensagens na secretária eletrônica. Ouvi compulsivamente todas na esperança de escutar a sua voz. Chego ao fim e nada, ele realmente não havia me perdoado. Vou até o quarto, guardo bolsa, retiro os sapatos. A consciência pesa, pela primeira vez me arrependi de uma atitude, nessas minhas "brincadeiras" perdi alguém. Volto para sala atravessando a cortina que a separa do outro cômodo. Olho para o telefone, me aproximo, sento no chão sobre o tapete e repasso novamente cada mensagem, agora ouviria com mais atenção. E lá estava ela, o meu melhor presente. Um silêncio inicial, um suspiro e, enfim, ouço a sua voz. A pronúncia do meu nome soa como música para os meus ouvidos. Ele era uma cavalheiro, não deixaria de ligar. Nunca mais nos falamos. As palavras daquela doce ligação ecoaram nos meus ouvidos durante dias, mas não consegui lhe retornar para avisar que iria embora definitivamente, e revelar que este era o real motivo do meu contato.

11 dezembro 2006

Encontro marcado com ninguém

Marquei um encontro com a razão, mas ela vive a se atrasar. Dias, semanas, meses de espera. Confesso que em todo esse tempo não marquei muitos encontros, mas todos foram dolorosos para mim, só pensar em sair de um mundo colorido - que me proporciona tantos sonhos, desejos, prazeres - e partir para o incerto, duro e limitado demais.

Prometo pra mim mesmo, bato pé, tento me isolar de qualquer contato com ela. 'Não. Prefiro o devaneio!', tento me convencer. Mas por meios que não entendo, quase que por osmose ela chega até mim. Insiste que já é hora. Eu concordo em tentar mais um vez. 'Dessa vez não vou me decepcionar!' Quem sabe não será nesta que ela, enfim, chegará na hora marcada?! Marcamos para alguns dias depois do contato. Os dias parecem eternos, até por a ansiedade tirar o meu sono à noite e a minha concentração durante o dia. Minha imaginação é tão concreta que consigo visualizar cada detalhe do encontro. O rosto sério, bem delineado e harmonioso da razão. Seus olhos que me fitam e me explicam coisas de um universo que se abre a minha frente e, ao mesmo tempo, me questionam com arrogância: - Como pode viver tanto tempo sem que me deixasse moldar a sua vida? Nessa hora irei sorrir. Como quem diz: Da mesma forma que o grande mentecapto, Geraldo Viramundo, de Fernando Sabino, viveu.

Chega o dia. Duas horas antes já estou pronta, espero a hora exata de sair. Acenderia uma cigarro, caso fumasse, este daria o tom da minha angústia. A casa ecoa o som dos meus passos no chão de taco que se mistura com o barulho da TV ligada no quarto, não consigo distinguir a programação. Está na hora! Vou até o espelho do banheiro, retoco o batom e saio.

Chego ao local combinado. Ainda faltam 30min! Um vento forte emaranha meus cabelos. Sinto cheiro de chuva, olho para os lados e me deparo com a solidão. Num parque, sem crianças, com poucas árvores e um banco de praça. O nervoso é tanto que enterro o salto alto da sandália no chão de terra. Outra rajada de vento, isso agora me incomoda. Aumenta minha angústia. Olho para o céu. Nuvens negras se movimentavam rápido, parecem ter pressa. Mas enfim, só faltam 3min. Julgo que devo esperar até a hora marcada e depois da sua chegada nos dirigiremos a um ambiente protegido da fúria do tempo. Agora, quando o relógio marca a hora do encontro, olho para os lados ansiosa para finalmente ver o seu rosto.

Essa minha angústia dura exatamente cinco minutos, tempo de cair o primeiro pingo de chuva no meu rosto. Não há tempo para me abrigar. Tudo parece um plano engendrado para lavar a minha cara, desbotar mais uma vez as cores da minha vida. Sim, a tinta é guache, mas não é frágil por isso. Muito pelo contrário, é estratégica. Não é como a tinta óleo, resistente, dura, difícil de manusear. Com a guache posso me renovar sempre que quiser. Voltar a colorir sem muito transtorno, mudar as cores e os cenários.

A razão faltou ao encontro novamente. Talvez amanhã o telefone toque, como de outras vezes, ela pedirá sinceras desculpas, que virão acompanhadas de argumentos plausíveis para atitudes não justificáveis. A razão vive presa a uma realidade cruel, descarnada... por isso ela judia da minha angústia, da minha longa espera, julga que isso não é coisa séria. No fundo ela acha que o tempo da minha espera é o tempo necessário para o meu amadurecimento, para que eu possa, enfim, acertar os meus ponteiros aos seus.

Mas o bom senso da razão não a deixa enganar, ela sabe que não pode pautar a vida da fantasia, embora uma não viva sem a outra. Marquei um encontro com a razão, mas ela vive a se atrasar...

08 dezembro 2006

Guerra

Uma pessoa que vive motivada pela beleza da vida e pela grandeza das pessoas, tem o fio condutor da sua existência forçado a se partir quando se depara com pessoas medíocres. É como encontrar-se em um caminho estreito, quase sem saída, num labirinto, com um mostro de duas cabeças.

Na metáfora, um mostro de duas cabeças pensa muito, é muito inteligente, mas os conflitos são tantos que eles não conseguem viver em harmonia com o próprio corpo. E ficam pelos caminhos da vida tentando se entender, se matando aos poucos e esbarrando nas pessoas que, por algum motivo, encontram pelos caminhos das suas vidas, forçando-as a entrar numa luta, na qual elas nada ganharão.

E, nesses encontros e desencontros, tento me esquivar, sair o mais ilesa possível, dentro das possibilidades que me permitem. Sei que vou carregar na bagagem cicatrizes desses conflitos que enfrentei para sobreviver, o tempo vai se encarregar de apagar algumas, mas outras estarão sempre visíveis a quem queira enxergar.

Sei que algumas vezes eu mesma vou entrar em batalhas, mas entrarei armada, pronta para guerra! Mesmo que na bainha da minha espada só tenha um bocadinho de razão que acumulei no caminho. Terei orgulho dessas minhas batalhas, independente do resultado final.

Em outras eu serei jogada ao acaso, sem precedentes, sem motivos. Como se passasse na frente de um estádio e um dos lutadores deixasse a arena, saísse correndo até a rua, pegasse a primeira pessoa que encontrasse lá fora e voltasse com ela para a arena como um motivo para reanimar a disputa. Nessas tenho certeza que sairei muito ferida, afinal, o circo já está armado e para os que estão de fora, tudo faz parte do espetáculo, e eu deveria ter motivos para estar ali, logo mereço apanhar.

29 novembro 2006

Nada de contratos

- E agora?

(...)

-Por que explicar? Para quem?

(...)

-Onde mesmo?!

(...)

- E as palavras, sumiram? Parecia não lhe faltar palavras.

(...)

- Logo você! Achei que fosse íntimo das verdades.

(...)

- Não, este caminho não me parece muito seguro!

(...)

- Não. O trato era ser feliz!

(...)

- À vontade! Vou ficar por aqui mesmo, não obrigado!

(...)

- Boa sorte pra você também!

28 novembro 2006

Recomeço

Voltarei a escrever! Sim, isso é uma promessa. Vou encontrar o meio termo: nem todos os dias, nem uma vez a cada dois meses. Mas antes de publicar qualquer besteira minha, peço licença para postar um texto do genial Rubem Braga. Parágrafos deliciosos!!!

Valente Menina!
Rubem Braga

DEBRUÇADO cá em cima, no 13.° andar, fiquei olhando a porta do edifício à espera de que surgisse o seu vulto lá embaixo.

Eu a levara até o elevador, ao mesmo tempo aflito para que ela partisse e triste com a sua partida. Nossa conversa fora amarga. Quando lhe abri a porta do elevador esbocei um gesto de carinho na despedida, mas, como eu previra, ela resistiu. Pela abertura da porta vi sua cabeça de perfil, séria, descer, sumir.

Agora sentia necessidade de vê-la sair do edifício, mas o elevador deve ter parado no caminho, porque demorou um pouco a surgir seu vulto rápido. Desceu a escada fez uma pequena volta para evitar uma poça de água, caminhou até a esquina, atravessou a rua. Vi-a ainda um instante andando pela calçada da transversal, diante do café; e desapareceu, sem olhar para trás.

"Valente menina!" — foi o que murmurei ao acaso lembrando um verso antigo de Vinicius de Moraes; e no mesmo instante me lembrei também de uma frase ocasional de Pablo Neruda, num domingo em que fui visitá-lo em sua casa de Isla Negra, no Chile. "Que valientes son las chilenas!" dissera ele, apontando uma mulher de maiô que entrava no mar ali em frente, na manhã nublada; e explicara que estivera andando pela praia e apenas molhara os pés na espuma: a água estava gelada, de cortar.

"Valente menina!" Lá embaixo, na rua, era tocante seu pequeno vulto, reduzido pela projeção vertical. Iria com os olhos úmidos ou sentiria apenas a alma vazia? "Valente menina!" Como a chilena que enfrentava o mar, em Isla Negra, ela também enfrentava sua solidão. E eu ficava com a minha, parado, burro, triste, vendo-a partir por minha culpa.

Deitei-me na rede, sentindo dor de cabeça e um certo desgosto por mim mesmo. Eu poderia ser pai dessa moça — e me pergunto o que sentiria, como pai, se soubesse de uma aventura sua, como essa, com um homem de minha idade. Tolice! Os pais nunca sabem nada, e quando sabem não compreendem; estão perto e longe demais para entender. Ele, esse pai de quem ela falava tanto, não acreditaria se a visse entrar pela primeira vez em minha casa, como entrou, com sua bolsa a tiracolo, o passo leve e o riso nervoso. "Como você pensava que eu fosse?" Lembro-me de que fiquei olhando, meio divertido, meio assustado, aquela mocetona loura e ágil que só falava me olhando nos olhos, e me fez as confissões mais íntimas e graves entremeadas de mentiras pueris — sempre me olhando nos olhos. Disse-me que a metade das coisas que me contara pelo telefone era pura invenção — e logo inventou outras. Senti que suas mentiras eram um jeito enviesado que ela tinha de se contar, um meio de dar um pouco de lógica às suas verdades confusas.

A ternura e o tremor de seu duro corpo juvenil, seu riso, a insolência alegre com que invadiu minha casa e minha vida, e suas previsíveis crises de pranto — tudo me perturbou um pouco, mas reagi. Terei sido grosseiro ou mesquinho, terei deixado sua pequena alma trêmula mais pobre e mais só?Faço-me estas perguntas, e ao mesmo tempo me sinto ridículo em fazê-las.

Essa moça tem a vida pela frente, e um dia se lembrará de nossa história como de uma anedota engraçada de sua própria vida, e talvez a conte a outro homem olhando-o nos olhos, passando a mão pelos seus cabelos, às vezes rindo — e talvez ele suspeite de que seja tudo mentira.


Rio, abril de 1967.

26 novembro 2006

Um sentido...


Por essas e outras que naum deixo de ler o Tutty Vasques!!!

24 novembro 2006

Tento entender

Das várias emoções que já senti, uma nova me ocorre neste momento. Nunca imaginei que ficaria chateada por não poder fazer uma coisa que eu não queria fazer. A PROIBIÇÃO É, NO MÍNIMO, OFENSIVA!!!
Esse sentimento se atrela ao de angústia. É, angústia! Incrível como um sonho bom pode virar um pesadelo de um segundo ao outro. Vários elementos contribuem para essa virada. O único que a minha sanidade permite relevar é: desejos iguais em direções opostas.
Por instantes tenho vontade de desistir, mas no instante seguinte sinto o seu perfume embriagar os meus pensamentos. Paro TUDO e ocupo minha mente com algo útil.

24 outubro 2006

Vamos mudar este quadro!!!


O exercício de representar, expor, reproduzir a vida e legitimar verdades não deveriam estar nas mãos de meia-dúzia de pessoas. Os profissionais que trabalham em TVs, rádios, jornais e revistas deveriam ter uma formação menos preconceituosa. Briga-se tanto para que somente jornalistas diplomados possam exercer a profissão, mas o que aprendemos para merecermos este direito? Técnicas de escrita, história da imprensa, gramática, diagramação, linguística...?! E daí, se não aprendemos a respeitar?! A dar voz a quem precisa de voz? Não acabamos com discursos clichês que reproduzem verdades segmentadas? Mas por que será que não mudamos esse quadro? Não mudamos por falta de vontade, por que somos educados por ... Não raro em trabalhos práticos rimos dos desdentados, achamos lindo que as ONG's ensinem dança e futebol em comunidades ao invés de oferecer educação, inclusão digital, pois assim não teremos a criatividade daquelas pessoas, muito mais sensíveis que nós, como obstáculo para as nossas limitações. Assim enxergamos as populações de baixa renda como personagens do que não tem.
Viva a mídia comunitária: A representação fiel da realidade!!!

Bem vindo a um mundo não representado na mídia tradicional. Ao contrário de nós, eles são generosos. O portão está aberto... a um clique do mouse!!!


http://www.imagensdopovo.org.br/index2.html

19 outubro 2006

Nativo

Andou descalço nas areias a vida inteira./ Sentiu na pele os efeitos bons do sol./ Sentiu na pele os efeitos ruins do sol./ Carrega na essência o cheiro de maresia./ Não esconde os cabelos queimados por raios de sol./ Aprendeu que caminhar na areia fofa da praia fortalece a musculatura da perna./ Aprendeu que o simples caminhar faz bem ao coração./ Aprendeu que no verão a felicidade mora./ Aprendeu também, que a reflexão aumenta com a mudança da estação./ O tempo passou./ O sol muito raiou e as chuvas e tempestades pouco deram o ar da graça./ A sua existência pouco marcou./ Assim julgou-se FELIZ!!!

18 outubro 2006

Brasília: Capital do Rock

Quando estou fora da Capital e numa conversa informal o assunto em pauta é cultura, ouço logo a exclamação de alguém que se julga bem informado: "Ah, Brasília é a Capital do rock!" Diante de alguns que insistem em opinar sobre tudo e todos, concluo que é horrível falar da própria ignorância. Dizer que o Distrito Federal é a Capital do Rock e reduzir a riqueza dos sons que ecoam do Planalto a um único estilo musical é no mínimo uma grosseira, como toda generalização. Aqui a cultura se manifesta por personalidades, gostos musicais, tipos físicos, emoções e desejos extremamente distintos. E, o melhor de tudo, num mesmo espaço geográfico. Por contemplar realidades e essências impalpáveis, especialmente em relação a cultura, o sentido de conservação neste ambiente deve ser primordial. Brasília tem uma importante missão a cumprir.

Cheguei ao Distrito Federal há dois anos. Morar aqui me proporcionou contemplar o quão é bonito o nosso país. Sou presenteada com a convivência com cearenses, cariocas, mineiros, gaúchos, maranhenses, goianos e gente do Brasil a fora. Ao contrário de uma postura anterior, já não discuto espaço físico com ninguém, aprendi que é muito mais válido exaltar a beleza e as qualidades de cada lugar e usar a discussão como ferramenta para melhorar o espaço em que se vive. Com influências culturais tão diversas, este lugar foi erguido em meio a paisagem do cerrado. Daí aprendi aqui que o espaço que se ocupa no mapa não define que sejamos honestos ou "malandros", estigma carregado pelos cariocas ou mesmo trabalhadores ou "preguiçosos", estigma carregado pelos baianos.

Lembro-me de uma metáfora utilizada por Gilberto Gil num discurso sobre produção cultural. Gil comparou a produção cultural a bacias hidrográficas. Em relação a Brasília o que essa metáfora pode ilustrar é que a Capital Federal tem a cultura irrigada por todas as regiões do país. "Imaginem um rio. Um rio com suas águas correntes e cristalinas cruzando um, dois, três, quatro, às vezes dez vilarejos, municípios ou até cidades. Um rio distribuindo suas águas, trazendo vida e progresso para todos esses municípios com suas populações." Disse Gil.

O rock das bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude hoje sede espaço para o hip-hop, característico da Ceilândia; para o samba, produzido no Cruzeiro; para o choro, já tradicional no Clube do Choro. Assim como também já despontou para o reggae do Natiruts e hadcore dos Raimundos. E se estamos falando de cultura, por que não falar do Boi do Seu Teodoro? O bumba-meu-boi é uma das mais antigas tradições culturais do Brasil, muito típica do norte e do nordeste do país. Seu Teodoro, que mora em Sobradinho, veio a primeira vez na Capital em 1961 a convite do poeta Ferreira Gullar para trazer seu grupo de Boi para as comemorações do primeiro aniversário da Nova Capital. Em 1962 mudou-se para a cidade. Esse maranhense dedica sua vida a preservar e propagar uma das mais belas, e já candanga, tradições.

No dia 20 de outubro, do ano passado (2005), a Conferência da UNESCO, em Paris, aprovou a Convenção Internacional de Proteção e Promoção da Diversidade Cultural, um documento vital para a cultura na era da globalização. Sua elaboração e aprovação se devem, em grande parte, ao trabalho do Brasil, ao lado de países como Espanha, França, Canadá, os vizinhos do Mercosul e os países da África. Nessa corrida mundial para a preservação da cultura das mais variadas partes do planeta, eu enxergo Brasília como um micro-sistema que é exemplo para todo Brasil. Não conheço um lugar que abrigue tanto, de forma tão justa, tanta diversidade cultural. Isso se deve a construção desta Capital. A mão de obra veio de todos os cantos do país. A exemplo do Brasil que foi construído por mãos de todas os cantos do planeta. Talvez por isso, tenhamos hoje um grau de diversidade tão raro e devemos assim preservá-lo.

16 outubro 2006

A vida são deveres que nós trouxemos pra fazer em casa. Quando se vê já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos!


Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dada, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada inútil das horas...


Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta
devido a falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

(Mário Quintana)

10 outubro 2006

Quixote solitário

(*Tudo pela educação)

No fim destas férias trouxemos para casa uma bagagem a mais. Na realidade foi um investimento e o custo inicial não foi muito caro, porém o posterior, este sim vai ser caro. A adaptação desta a ordem da casa não vai ser fácil e, nem a nossa, aos seus costumes. O grande problema é o estado bruto que este se encontra, ou melhor esta. Trata-se de uma garota de treze anos e o maior investimento que poderemos fazer é educação, não para nós, e sim, para ela própria.

Preocupada em ocupar o mais rápido possível o tempo dela com algo útil, a matriculei em um curso de inglês. Qual não foi a minha surpresa ao informar a minha mãe a minha decisão e ouvi uma resposta desestimulante: - Para que curso de inglês se ela mal fala o português? Tínhamos chegado ao ponto crucial. Era fácil constatar que esta era uma realidade. Como é que nós vamos resolver o "pobrema" desta 5° série muito mal feita?! Mas onde está o problema? Nos alunos ou na educação?! Neste momento caímos no velho ponto comum de que a educação brasileira é muito ruim. Mas, como sabemos, ser engenheiro de obra pronta é muito fácil! Ou seja, é muito fácil criticar e nunca mover uma palha para melhorar.

Frustada por já ter investido o dinheiro, comecei a refletir uns minutos. Lembrei-me de que a maior motivação que tive ao matriculá-la no curso, não foi só o aprendizado da nova língua, e sim, o aprendizado de ser gente. Criada em um ambiente que mistura amor e ignorância, educação e hostilidade, a garota tem a auto-estima muito baixa e as poucas palavras que saem da sua boca geralmente são críticas. Talvez a proximidade com uma cultura totalmente nova possa estimular a sua sensibilidade e a faça se sentir melhor perante a sociedade.

Talvez daqui há algum tempo ela volte para a Bahia, mais precisamente para Itaparica (Para quem não conhece, uma ilha paradisíaca que fica em frente a Salvador, onde há uma segregação social absurda. Na pequena ilha, com a população menor que a do bairro de Copacabana, acho que de 15 mil habitantes, miséria e riqueza convivem harmoniosamente em um cenário de beleza natural invejável.) E, talvez, alguém pense que teria sido muito mais proveitoso para ela ter feito algum curso profissionalizante e, aí sim, isto seria garantia de emprego. Mas resolvi ser mais ousada e investir em educação.

Isto me lembra uma velha história de um professor de antropologia que levou os seus alunos a uma área muito pobre e os pediu que fizessem um trabalho de avaliação sobre o futuro dos jovens desta comunidade. Em todos os casos, os alunos escreveram: " Eles não têm nenhuma chance". Talvez este fosse o caso de Itaparica, atualmente, e para mudar este cenário, que se repete em tantas outras cidades brasileiras, não é necessário conduzir os jovens pelas mãos e os tirar daquele local, e sim, investir em cultura, educação, incentivar a sensibilidade para que eles possam enxergar a realidade a sua volta. E quem sabe, dessa forma, não teríamos naquele pequeno município, daqui a algum tempo, advogados, arquitetos, médicos, engenheiros e talvez, por azar, algum jornalista.


* Este texto foi escrito por mim há algum tempo, não lembro exatamente quanto tempo, acho que quase dois anos, um ano e meio talvez. O fiz por obrigação, tudo bem... um pouquinho de inspiração. Era uma tarefa de faculdade. Daquelas que o professor passa, você enrola, enrola e na véspera lembra que tem que entregar porque vale nota. Sentei na frente do computador e saiu essa crônica acima. Não está das melhores, mas reflete uma das minhas muitas preocupações. É muito triste pensar que algumas pessoas nascem subjulgadas por outras e serão, por uma vida inteira, alçadas às margens da sociedade sem muita alternativa de vida. Assim como poucos quixotes, que pregam sozinhos por este Brasil afora, eu também acredito que a chave dos nossos problemas está na educação.

06 outubro 2006

Devaneio

Ele é lindo!!! Tem um charme descomunal e um jeito de olhar que nos faz suspirar a cada fim de questionamento seu. A barba por fazer lhe confere uma aparência acolhedora de uma pessoa madura. Por tudo isso, acho que me comportaria muito mal ao seu lado, como uma menina imatura, tamanha a segurança que ele transmite. Preciso confessar: Adoro seus abraços! Parecem abraços de urso de tão fortes e quentes. O piscar de seus olhos, quando me observa a falar, é enlouquecedor. Os seus beijos, mesmo que no rosto - ainda não experimentei de outra forma - são sinceros e desejosos de uma pele macia. Entre perguntas e conversas vagas ao encontrá-lo, escondo a verdade do que realmente desejo conversar, ou não conversar. Apesar disso, sempre finjo estar na correria, para evitar ficar muito tempo ao seu lado, pois sei que num dado momento o silêncio crucial se abateria sobre nós e as palavras não mais saciariam a comunicação.


Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com
fatos ou pessoas reais é mera ilusão. Procure um psiquiatra.

05 outubro 2006

Estarrecida com o Bobo da Corte!!!

Confesso que num acesso de egoísmo e com um certo peso na consciência, quando soube das primeiras conclusões que levaram a queda do vôo 1907, desejei que o LEGACY é que tivesse caído. Não só por serem americanos, mas sobretudo porquê eram 7 em comparação as 155 pessoas do nosso país. Sei que isso é irracional, mas foi um pensamento motivado pela emoção. Agora, não mais pela emoção, e sim pela razão, concluo que seria muito melhor que o avião que transportava os americanos é que deveria ter ido ao chão. As declarações inoportunas do jornalista americano me causam repulsa, aliás, não só a mim, mas a toda nação brasileira neste momento de extremo pesar.

Sem o mínimo pudor, no artigo publicado no NYT ele fala da sua sobrevivência glorificando os pilotos americanos...e em seguida lamenta "a pouca sorte" dos pilotos da GOL!!!! Fora as entrevistas em que o ímbecil americano afirma: "O controle do tráfego aéreo brasileiro é péssimo. Os pilotos americanos correm risco naquele país." Imaginem se o "acidente" estivesse ocorrido no espaço aéreo americano... Imaginem se fossem 155 americanos mortos por imprudência de pilotos brasileiros...

Convido todos a acessarem o blog desta pessoa, que não me arrisco a qualificar, e repetir a lista de 155 pessoas que estavam no vôo da Gol e, ao que tudo indica, morreram por imprudência e irresponsabilidade dos pilotos que estavam brincando de voar no espaço aéreo de uma nação que não a deles. Os verdadeiros "Heros" são os pilotos da Gol que tentaram salvar as vidas de todos, mas que infelizmente só salvaram a vida de pessoas como a do "journalist" americano...
http://www.joesharkey.com/

03 outubro 2006

"Porque são pobres, nordestinos e negros"

O artigo de Maria Inês Nassif, foi dado como o 'mais lido' da 6ª feira no site do Valor Econômico. Trecho: "Talvez por embutir um corte social no eleitorado inédito, este processo eleitoral transborda preconceitos. Primeiro, a análise do fenômeno sociológico do voto do pobre, descolado de formadores de opinião, derivou para o preconceito do "voto vendido" por um prato de comida, simbolizado pelo Bolsa Família. Depois, o voto nordestino foi colocado no mesmo saco do coronelismo, como se tivesse ocorrido uma negociação individual desse eleitor com o candidato a presidente. Agora, entrou em cena o voto dos negros (que, nas pesquisas, são a soma dos pretos e pardos). A última conclusão, derivada da pesquisa do Ibope da semana passada, é que os negros dão menos importância à ética que os brancos - e por isso tenderiam a eleger, em sua maioria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva."
No decorrer do texto a jornalista cita uma avalanche de estatísticas do IBGE, pesquisas eleitorais e de ONG's. Mas a pergunta que não quer calar é: De onde ela tirou essa pesquisa Ibope que conclui que o negro é menos tolerante a corrupção que o branco?! A descoberta foi de uma pesquisa feita sob encomenda pelo jornal O Estado de S. Paulo, publicada na 2ª feira, dia 25 de setembro, intitulada "Rigor com a corrupção na política varia com região e condição social", e subtítulo "Eleitor do Nordeste expressa maior tolerância com desvios do que os do Sudeste, segundo pesquisa 'Estado/Ibope'. Afirma-se na pesquisa que "os que se auto declararam brancos são mais implacáveis com a ética: 88% não votariam num corrupto; os que se autodeclararam pardos cobram menos e 85% não votariam em indiciados por corrupção; mas os que se autodeclararam pretos são os menos rígidos com a ética: só 82% negam o voto a corruptos."
Franklin Martins dispara em seu Blog: "É séria candidata (a matéria) ao primeiro lugar da campanha 'Vamos envenenar este país' em curso em muitos jornalões brasileiros'. E finaliza, "mais um pouco e descobriremos que os pobres, os nordestinos e os negros são os responsáveis pela corrupção no país, que os ricos não têm nada a ver com isso, que em São Paulo nunca se pagou nem se recebeu propina e que os brancos sempre repeliram com veemência a idéia de pagar ou de levar um 'por fora'. " Piada, não?!

26 setembro 2006

A Sapoti

Por mãos de meu amigo Reginaldo Vasconcelos (il Maschio del Rio Pacoti), excelente escritor cearense, chega-me uma caixa misteriosa, embrulho amassado, desses típicos feitos por homem. Abro-a. Deslumbramento. Uma caixa repleta de (vou dizer sílaba a sílaba, a salivar. Leiam bem devagarinho): SA----PO---TI! E do Ceará, Fortaleza, não sei se das encostas dos altos e belos verdes de São Benedito, que é santo de cor, abençoado, se de perto da Praia de Sabiguaba, das margens do Rio Cocó, a fluir silencioso por dentro da Capital ou dos longes de Ibiapina. Sim: sem méritos para tal, eu ganhara uma caixa de SA---PO---TI!

Desde a infância este não tão conspícuo senhor de quase 70 anos jamais havia “sapotireado” delícia igual. Só que, quando criança, eu não sabia que esta palavra jamais deveria ser masculina.Sapoti é uma fruta mulher, em tudo: seu sabor de seio cheiroso, sua maciez de mulher umedecida e prontinha para o amor. Seu formato vulvar se cortado em quatro partes iguais, guarda em segredo - mas logo revela - os filhotes da luzidia semente negra. É a Sapoti. Mas já hoje não podemos dar-lhe o feminino por que outra mulher, uma das vozes mais bonitas com a qual nosso País contou conta e cantou, já fixou para si o apelido de A Sapoti: a nossa grande Ângela Maria.

Sapoti não se come: beija-se e seu liquefazer-se no ato de união das carnes umedece-se da doce saliva da mulher amada e outras umidades que predispõem à cópula. Sua cor de morenice inexplicável, sua forma de pomo dos jardins do paraíso, a brasilidade no nome, a delicadeza e não resistência à entrega me dá a certeza: sapoti é mulher. Como manga é mulher. Abacaxi é homem. Caqui é mulher. Mamão é transformista.Pêra é mulher. Banana é homem. Amora é mulher. E o citado pecado original de Adão (pecado original existe, sim, mas é outra coisa) não foi com maçã, foi com sapoti. Juro.

Pomo feiticeiro de delícias sensuais, mulher transformada em fruto desde os tempos da mitologia grega(Dafne, belíssima, sem merecer, recebeu a vingança de um daqueles deuses que transavam com mortais, resistiu-lhe, manteve a virgindade e o vingativo, frustrado, a transformou na árvore do loureiro) e a coroa de louros (que hoje se bota no feijão...) enfeitava a cabeça dos heróis.Pois tenho a certeza que o mesmo ocorreu com outra mulher ainda mais bela que Dafne e esta foi transformada na sapoti. Eu sei quem é, porém não digo o nome.

Arthur da Távola

22 setembro 2006

Meu pior defeito!!!

Não saberia descrever todos os meus defeitos, mas de certo sei o pior deles. Ele que tanto me protege quanto me ataca, mina as minhas possibilidades de ser livre, me põe em cativeiro, estreita as minhas áreas de ações, me aproxima e me afasta das pessoas. Alguns podem até enxergá-lo como virtude, mas eu já não acredito que este sentimento tenha alguma utilidade. Estou falando do Orgulho, assim mesmo com inicial maíuscula, de tão cheio de si que ele é.

Apesar de atacá-lo tanto, também saio em sua defesa, ele nunca é nocivo a ninguém que não a mim. Sei que vão dizer que o Orgulho é um sentimento importante, eu também o acho, afinal, o que seria de uma nação sem orgulho, um povo sem orgulho, uma sociedade sem orgulho?! Certamente seriam sub julgados por qualquer um!

Acho que não está muito claro. Estou tentando dizer que o Orgulho é um sentimento que eu descartaria na minha vida, se tivesse a oportunidade. Mas é impossível, ele é a minha muleta, a minha armadura, o meu
remédio e o meu veneno. Não sou um pessoa cheia de si, longe de mim, mas os meus atos, os meus caminhos escolhidos de fato irão marcar a minha vida sempre, posso até mudar de opinião, mas dificilmente voltaria atrás em uma escolha. Se escolho um caminho e depois de iniciá-lo vejo que tem muito mais pedras do que eu imaginava... só lamento, vou até o fim. Com as pessoas que passaram pela minha vida ajo da mesma forma. Sou de fato resultado das escolhas que fiz, isso é fácil de confirmar pelos amigos que tenho. Alguns me chamam de "cabeça-dura", mas chamo isso de Orgulho. Como posso conviver com uma pessoa que me fez um ofensa e não se retratou, que me deve uma explicação e ignorou o fato. Onde está o meu Orgulho nisso tudo?! Não peço explicações a ninguém, peço licença e me retiro a minha individualidade. Em linguagem virtual é o que chamaríamos de DELETE!!!

19 setembro 2006

Por que tanto preconceito contra as prostitutas se elas vendem a parte menos nobre?!?

Não entendo o porquê de tanto preconceito se tem gente que vende algo muito mais valioso, que é a alma. Como alguns de nossos políticos, de forma que prejudicam milhares de pessoas. Olhando desta forma, o corpo vendido acaba sendo menos nobre que o caráter, a moral...

Mandei a pergunta acima para uma comunidade de pessoas que buscam conhecimento(sic), talvez só uma forma de passar o tempo. Com um simples cadastro você pode fazer e responder perguntas. Esta comunidade tem gente de todo tipo, o número de perguntas e respostas inteligentes é equivalente às idiotas, ou mesmo absurdas. Enfim, segue abaixo a seleção de algumas respostas que eu recebi:


Francisco N. (O Confuso)
Eu não concordo, e concordo, entende. complicado né?

Mcinterterapia ( A Liberal)

Ocorre que ainda prevalece o velho falso moralismo, segundo o qual, os vendilhões de alma e moral, por se passarem por bons chefes de família, devem ser considerados nobres, ao passo que as prostitutas, das quais muitas vezes eles também se servem, devem ser postas à margem, como exemplo do que a falsa sociedade moralista tem de pior.

Harold ( O que fala pelos "outros", o que também se acha "o dono da razão")
Na verdade as prostitutas não se vendem. Se alugam. É diferente. Elas alugam o corpo para o prazer por algum tempo.Quanto ao tal do "preconceito"...será que existe esse tal de preconceito mesmo? O que é preconceito? É uma idéia pré-concebida sobre algo que ainda não se conhece. Todo mundo sabe o que é uma prostituta. Logo, dificilmente vai haver "pré-conceito" a respeito delas. O que pode haver é ódio. Ou seja, muitas pessoas não gostam de prostitutas, e por razões óbvias não querem que suas filhas se influenciem por elas e se tornem prostitutas também. Nem tampouco suas mulheres e mães.

Deleon (O Religioso)
Está na bíblia que quem comete prostituição não herdará o reino de DEUS!!

Anjo (Que tipo de anjo será ele?)
Existe em tudo isso uma baita duma hipocrisia. Devia haver a legalização deste serviço, dando-lhes o direito ao livre exercício da profissão. A clandestinidade gera os crimes e doenças acompanhantes. É como serviço de táxi: usa quem quer ou quem precisa...

Newbone ( Aquele que nunca vira o disco, a culpa é sempre do eleitor. Além de não ter coerência no discurso)
Pode até ser pouco nobre para vc, mas, para mim não é não! Já, para os políticos, é o contrário do que vc diz. Eles não vendem nada, pois são os eleitores, que vendem o seu voto!!! Meu preconceito é contra eles!

Valmir l (O Religioso, analfabeto funcional)
Não é preconceito, nós não podemos ser a favor do pecado. é contra a vontade de Deus. Adultério é pecado e nós temos que obedecer a bíblia, pois ela é a Palavra do nosso Pai.

Nara (Uma possível candidata a profissão)
Pois tem muita mina q se dá de graça...não tem coragem de cobrar. Aí, tem o preconceito (contra as prostitutas), pq elas tem coragem e não sãoo como essas meninas q são burras...Pelo menos elas cobram....

Lusquadon ( O Oportunista)
Não tenho preconceito nenhum, muito pelo contrário, apoio a decisão de cada um ser o que quiser, desde que não prejudique ninguém.Mas vou discordar em uma coisa, não acho que elas "vendam" a parte menos nobre, pelo menos (para nós homens) a parte que elas vendem é simplesmente adorável, não vivemos sem isso. Pagando ou não (eh.eh.eh...).

Vou fechar este post com a mensagem do Blog de um amigo:

"As almas de muita gente são como o rio profundo - a face tão transparente e quanto lodo no fundo!..."

Belmiro Braga



15 setembro 2006

Quem tem medo do Lobo Mau?!

Adoro revelar o outro lado das coisas. E eis uma coisa que sempre existe, uma outra versão da história. Agora, se existe uma falsa e outra verdadeira.... Há algum tempo ouvi uma outra versão do conto da Chapeuzinho Vermelho, estória essa, eternizada pelos irmãos Grimm. Mas a versão que eu ouvi tem um final bem diferente da versão dos irmãos. Esta outra versão é de Charles Perrault, segue abaixo:

Certo dia, a mãe de uma menina mandou que ela levasse um pouco de pão e de leite para sua avó. Quando a menina ia caminhando pela floresta, um lobo aproximou-se e perguntou-lhe para onde se dirigia. - Para a casa de vovó; ela respondeu. - Por que caminho você vai, o dos alfinetes ou o das agulha? - O das agulhas. Então o lobo seguiu pelo caminho dos alfinetes e chegou primeiro à casa. Matou a avó, despejou seu sangue numa garrafa e cortou sua carne em fatias, colocando tudo numa travessa. Depois, vestiu sua roupa de dormir e ficou deitado na cama, à espera.

Pam, pam.

- Entre, querida. - Olá, vovó. Trouxe para a senhora um pouco de pão e de leite. - Sirva-se também de alguma coisa, minha querida. Há carne e vinho na copa.
A menina comeu o que lhe era oferecido e, enquanto o fazia, um gatinho disse: "menina perdida! Comer a carne e beber o sangue de sua avó!"
Então, o lobo disse: -
Tire a roupa e deite-se na cama comigo. - Onde ponho meu avental? - Jogue no fogo. Você não vai precisar mais dele.
Para cada peça de roupa, corpete, saia, anágua e meias a menina fazia a mesma pergunta. E, a cada vez, o lobo respondia: - Jogue no fogo. Você não vai precisar mais dela.
Quando a menina se deitou na cama, disse: - Ah, vovó! Como você é peluda! - É para me manter mais aquecida, querida. - Ah, vovó! Que ombros largos você tem! - É para carregar melhor a lenha, querida - Ah, vovó! Como são compridas as suas unhas! - É para me coçar melhor, querida! - Ah, vovó! Que dentes grandes você tem! - É para comer melhor você, querida.

E ele a devorou.


Esta primeira versão é cheia de interpretações. Não vou encher o texto delas, mas, como estava discutindo sobre consumo ontem, vale lembrar que a versão oficial foi modificada para torná-la mais comercial. De que forma?! Oras, reforçando velhos paradigmas: o bem sempre vence, sempre há um herói, vencemos a morte (a vovozinha é retirada da barriga do Lobo), ah, e não falamos sobre sexo. Uma das melhores interpretações sobre a estória, que eu li, foi a que compara o decorrer do conto com um jogo. Cada jogador dá as suas cartas, com um pouco de atenção podemos prever o desfecho final do jogo. Perfil do jogador Lobo:

Lobo pode ser visto como metáfora do homem sedutor. Porém, o que de imediato não se pode perceber é o conteúdo simbólico contido em tal personagem. Recorrendo ao Dicionário de símbolos, diversos significados do símbolo “lobo” são encontrados. No entanto, um chama atenção para o dado contexto sedutor – o “lobo” como um símbolo devorador. O “lobo”, a partir desta interpretação, pode ser comparado a Cronos, Deus grego que devorava seus filhos. Cronos, assim, passa a ser confundido com Chronos – o tempo – mas um tempo que devora a juventude de homens e objetos. Fromm, em seu estudo A linguagem esquecida, ressalta a imagem devoradora do ato sexual tal qual Cronos devorava seus filhos e o tempo à vida, a relação sexual é encarada como o devorar da fêmea pelo macho. E é desta característica devoradora que se poderá compreender o significado simbólico do embate entre Chapeuzinho Vermelho e o Lobo. (Calina M. Fujimura - UERJ)

Depois de indentificar a figura do Lobo é mais fácil compreender a estória. Fica claro o jogo de sedução. O Lobo não representa um animal faminto que quer devorar a primeira vítima que vê pela frente e sim representa um homem astuto e sedutor que será responsável pelo amadurecimento de Chapeuzinho Vermelho. Os símbolos oferecidos por Chapeuzinho Vermelho complementam ainda mais essa visão.

"O vermelho é a cor que significa as emoções violentas, incluindo as sexuais. O capuz de veludo vermelho que a avó dá para Chapeuzinho pode então ser encarado como o símbolo de uma transferência prematura da atração sexual. "

No conto dos Grimm essa transferência do capuz não é citada, mas a transferência é feita de outra forma, no momento em que a menina bebe o sangue e come a carne da avó. Neste momento pode-se prever o futuro da menina quando o gato, simbolicamente um animal que carrega o dom da vidência (dizem que este animal tem um pé aqui e o outro no outro mundo), sentencia: - Menina perdida!

Ainda no decorrrer da história é possivel verificar a passividade de Chapeuzino Vermelho que opta pelo caminho mais longo, avisa pro Lobo, e, no caminho, se distrai colhendo avelãs - símbolo do fertilidade e da luxúria- e correndo atrás das borboletas - símbolo da metamorfose.


No desfecho final da estória as insinuações continuam, no momento em que a "inocente" menina pergunta o que deve fazer com as suas roupas. E o Lobo determina: - Jogue no fogo. Você não precisará mas dela. No diálogo seguinte ela demonstra espanto ao corpo da avó-lobo, e fala das orelhas, olhos, mãos e boca tão grandes, que por fim moldam o corpo masculino. Após este diálogo a menina é devorada, como já era previsível, pois a menina dá as cartas ao Lobo movida pela atração.
Os dois venceram a partida: "uma foi devorada, tal qual tinha sugerido desejar, e o outro devorou, como ditava sua 'fome'. Empatou." Conclui a autora do estudo Calina M. Fujimura.

13 setembro 2006

No comando de uma máquina possante!!!


Imagine que você saiu de férias. Você mora no sul do Brasil e viajou para o interior do nordeste. Lá resolveu alugar um carro. Aí, DU-VI-DO que você tenha com o carro alugado o mesmo cuidado que você tem ou teria se o carro fosse seu!!! Ainda mais que para evitar aborrecimentos, você resolveu pagar o seguro que cobre todos os possíveis incidentes, acidentes e/ou fenômenos da natureza. Aposto que você irá utilizar o carro de todas as formas possíveis, ou mesmo impossíveis, de um jeito que você nunca teve coragem com o seu possante.

Agora imagine que você também pode alugar um corpo. Um corpo humano. Você só não pode escolher!!! Nada de preferências sobre feminino ou masculino, gostosão ou magricelo/gorducho, cor de pele, cabelos lisos ou crespos, nada disso. Você faria algo diferente do que você faz hoje com o corpo que te pertence? Pare e pense um pouco! Imagine-se livre de preconceitos, afinal, o corpo não é seu mesmo. Aposto que você pouco se importará se o corpo é feio ou bonito ou o quê as pessoas vão achar dele. O seu único intento é se divertir e ser feliz. Sim, enquanto você ocupar esse corpo, você sentirá todas as sensações do corpo humano: dor, desejo, prazer, medo, angústia... Mas lembre-se que ele é só emprestado. Imaginou?! Pensou bem o que você faria de diferente do que faz hoje? ... Pronto, agora que você usou e abusou do corpo alheio pode sair, não, ninguém vai te cobrar nada pelo "estrago" que você causou!!!
Não deixo de acreditar que a sensação que sentirá neste momento será de uma imensa satisfação. Afinal, você pode fazer um monte de coisas que sempre teve vontade e nunca fez, correto?!

Agora imagine que você acordou em um corpo e ninguém te avisou que ele não era seu. Você passará a sua vida inteira cheio de cuidados com este corpo. Se privando de várias possibilidades que o corpo humano oferece por excesso de zelo. Vai passar anos ofendido, e quem sabe, carregar uma vida inteira de complexos, porque alguém na infância apelidou você por causa do seu nariz, seu cabelo, sua perna ou qualquer outra coisa que você mesmo nunca suportou. Então chega a hora de você abandonar o seu corpo, e só neste momento você percebe que o corpo não é seu. A única utilidade dele era ser uma matéria física que lhe proporcionasse sensações de todos os tipos, boas e ruins. Você por algum motivo se sentirá frustrado por ter importado-se com algo que nem lhe pertence?

Acredito eu, que essa seja a sensação que teremos ao fim das nossas vidas. Alguém vai pedir que nos retiremos do corpo, e não teremos que prestar contas a ninguém. E, somente neste momento, perceberemos que ele não nos pertencia e que poderíamos ter aproveitado mais todas as possibilidades que esta máquina nos ofereceu um dia. O único cuidado que deveríamos ter tido era com a saúde, para que o corpo funcionasse a todo vapor e por muito tempo. Neste momento vai bater um arrependimento tremendo, em alguns, e um enorme alívio, em outros.

12 setembro 2006

A violência nossa de cada dia

Ouço inúmeras pessoas bem formadas e informadas repetirem que a violência emana da favela para o "asfalto". Estou cada dia mais em dúvida sobre isso, em verdade, um dia também já acreditei nesta teoria: a pobreza, a desigualdade social, a falta de educação e de cultura geram a barbárie da violência, que é comum no dia-a-dia das comunidades carentes. Porém, cada dia mais e mais, lemos nas manchetes de jornais, ouvimos no rádio e assistimos na TV as notícias dos crimes mais bem articulados possíveis, e ainda por cima, planejados e executados por pessoas que em nada são carentes.

Sempre defendi comunidades carentes quando alguns amigos teimavam em bradar que nas favelas só haviam "sementes do mal", por todos os motivos acima citados. Mas eu argumentava que o que acontecia eram que bandidos se aproveitavam da posição estratégica dos favelas, normalmente em morros, para se esconderem. Estes bandidos, que se aproveitam da situação carente da localidade para exercer poder sobre a vida daquelas pessoas, nada têm de Robin Hood, eles se comportam como ditadores e agem como verdadeiros responsáveis pelo direito de ir e vir daquelas pessoas.

Acredito que 90% da população carente, que sem opção, mora em favelas, são verdadeiros heróis de nosso cotidiano. Pessoas essas que saem para trabalhar como porteiros, diaristas, motoristas de ônibus, garis, garçonetes e sob todas as adversidades da vida não caem na marginalidade. Vivem, muitas vezes, abaixo da linha de pobreza, não têm perspectiva de vida. Vivem num mundo paralelo dentro das favelas, sob o coação não só do Estado, mas também de bandidos que agem de forma despudorada sobre àquelas pessoas.

Os tiroteios que impedem que as pessoas voltem para suas casas - depois de um dia de trabalho; as invasões da polícia e dos bandidos em seus lares; a obrigação de escolher um lado quando dois bandidos de uma mesma comunidade entram em guerra, e se, por azar, o lado escolhido for derrotado - normalmente com a morte do bandido - ser obrigado a abandonar a sua casa, levando a roupa do corpo e o que mais puder carregar nas mãos.

O que me deixa ainda mais indignada é não saber de onde vem o dinheiro de "caixa 2" que bancam campanhas milionárias dos nossos "honestos" políticos. E se vier do tráfico? E se este dinheiro for patrocinado pela violência que faz o nosso país ter números vergonhosos de assassinatos, números que se assemelham aos de países em guerra.

Por todos esses motivos sou levada a não acreditar que a violência tenha o sentido favela > asfalto, e sim, que venha dos mais altos níveis da sociedade e do poder institucional para a população mais carente do nosso país. Esta faixa, que visualizamos no post abaixo, reflete o grito dessas pessoas que querem somente uma condição de vida mais digna, para que a violência, que é comum ao ser humano, deixe de ser justificada nessas regiões, para que pessoas “grandes” parem de usar as mãos de pessoas que já nascem criminalizas para cometerem seus crimes.

05 setembro 2006

A importância do silêncio

Pense em alguém que seja poderoso. Essa pessoa briga e grita como uma galinha ou olha e silencia, como um lobo? Lobos não gritam. Eles têm a aura de força e poder. Observam em silêncio. Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio. Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas. Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos. Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis. Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota. Olhe. Sorria. Silencie. Vá em frente. Lembre-se de que há momentos de falar e há momentos de silenciar. Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso. Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a (falsa) idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques. Não é verdade! Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir. Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal. Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça. Você pode escolher o silêncio. Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu um pensador grego, mais de 300 anos antes de Cristo, ao afirmar: "Me arrependo de coisas que disse, mas jamais do meu silêncio". Responda com o silêncio, quando for necessário. Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais. Use o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não responder em alguns momentos. Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas. E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas.

Aldo Novak

01 setembro 2006

"O que mais te surpreende na humanidade"?

"Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde... E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente e nem o futuro. Vivem como se nunca fossem morrer... E morrem como se nunca tivessem vivido."

Dalai Lama

Meninas da Índia

- Cinco minutos a bordo é fardado!!!

Ouvi esta frase hoje de manhã quando fui ao Hospital Naval. Um tenente fardado falou para outro militar que estava à paisana para uma consulta. A frase foi em tom de brincadeira, mas reflete uma realidade na vida de muitos de nós. A carreira que escolhemos seguir, na maioria das vezes não escolhemos, define o comportamento e o tipo de vida que teremos ao longo da nossa passagem pela terra.
Os médicos serão médicos 24h por dia, assim como os advogados serão sempre alvo de consultas - mesmo quando não estiverem no escritório, o militar carrega no comportamento todas as regras e cerimônias dos quartéis - inclusive dentro de casa, o cineasta acha que tudo pode dar um bom filme - ele sabe que os maiores exemplos de heroísmo estão na vida real. Os jornalistas... bem, esses eu ainda não sei o que eles querem. Mas sei dos seus vícios: cigarros, café e notícias. Psicóticos com a sua principal ferramenta de trabalho: a língua portuguesa. E têm a esperança de um dia mudar de profissão.
Não acredito que existam profissões melhores que outras, mas tenho certeza que existem algumas mais gratificantes que as demais. Dentro das possibilidades de cada profissão sempre existe a busca pela descoberta do desconhecido. Somente algumas proporcionam esta recompensa.
Existem pessoas que são viciadas em trabalho, outras que prezam a preguiça, ainda existem àquelas que fazem do trabalho obrigação. Para a maioria dos trabalhadores comuns existem as estratégias para mantê-los sob controle. O tempo é determinado, folha de ponto; o espaço é limitado, baias; o trabalho e a conduta são vigiados, câmeras. A produção não pode parar nunca!!!
Tenho quase certeza que a melhor profissão mesmo é a do artista. O dançarino vive da expressão do seu corpo, o artista plástico da expressão dos seus quadros, o músico da capacidade de externar suas emoções.
Eu ainda vou escolher o que eu quero ser, mas já tenho a certeza que a minha velhice vai ser na beira da praia. Espero compartilhar histórias com alguns amigos que, assim como eu, nunca souberam o que queriam da vida, e, por isso, aproveitaram todas as possibilidades que ela ofereceu.

O.B.S: Meu pai está se aposentando. Vai embora para a Bahia, julgo que só agora ele pretende aproveitar a vida. Eu irei sempre que puder para ver o pôr do sol na beira da praia com ele.

31 agosto 2006

Não vou para o paraíso

Dia desses estava chegando em casa, tarde da noite e cansada. A poucos metros da minha ilha (meu lar) e perto de virar a rua entre duas quadras, na minha referência uma esquina, vejo se aproximarem dois rapazes. Para evitar aborrecimentos, afinal já é quase meia-noite e a rua está deserta, adianto os meus passos. Mas foi inevitável. Eles apressaram os passos também. Ao chegarem a uma proximidade suficiente um deles declara de supetão:

- Jesus te ama!!!

Não sei qual a reação de vocês ao ouvirem essa expressão, mas confesso que aquela frase, na já citada circunstância, me causou até um certo alívio. Como de costume respondi:

- A vocês também!!!

Eles continuaram:

- Jesus vai te salvar!!!

Geralmente não me estresso com o comportamento de alguns religiosos. Mas, definitivamente, eles não me pegaram em um bom momento. Me salvar??? Com as sombrancelhas arcadas, perguntei:

- Salvar de quê? Que eu saiba não estou condenada a nada! (De qualquer forma, se estivesse não seriam eles que saberiam).

Mas eles retrucaram:

- Por que ele disse (Jesus) que a salvação virá por suas palavras. Por que no dia em que você ACEITAR JESUS você será SALVA!!!! (Ele já exaltava a voz e erguia os braços como se aquilo fosse me convencer de algo).

Neste momento a minha paciência já havia se esgotado:

- Por acaso você me conhece? Sabe da minha conduta, da minha vida, dos meus atos?

E ele, simplesmente, respondeu:

- Eu não, mas Jesus sabe. Ele te conhece desde CRIANCINHA!!!

A partir desse momento eu desisti. Ele realmente me convenceu. Me convenceu de que a fé cega nos torna ignorantes. E eu não estou aqui para argumentar com uma pessoa adestrada a repetir frases de efeito vazias de razão. Mas o fato serviu para demonstrar o quanto alguns de nós são extremamente intolerantes e arrogantes.
Chega a ser um desaforo, imagine que aquele cidadão se portou o tempo inteiro como se fosse melhor que eu em alguma coisa. Ignorou que eu pudesse pertencer a uma outra religião e que ele poderia me ofender. Se coloca como o já arrebatado (expressão que algumas religiões usam para se julgarem donos de um verdadeiro latifúndio no paraíso). Supõem-se os eleitos, os escolhidos e pronto, como no judaísmo. Consideram que o resto do mundo precisa de salvação, mas eles não.
Nem sei qual era a doutrina deles, mas eles acreditam que a fé verdadeira irá poupá-los ou livrá-los de um julgamento prometido e da fúria de Deus. Eles irão ser conduzidos para o paraíso antes, durante ou após o fim do mundo.

Lembrei-me da minha infância, quando pedia a benção aos meus pais, tios e avós. Ainda peço a alguns, quando os vejo de ano em ano. Dizia:

- Sua benção, minha Vó!

E ela respondia:

- Deus te abençõe!

Uma tia me dizia:

- Jesus te faça feliz!

E uma outra, essa tia-avó, resmungava:

- Deus te dê vergonha na cara!!!

Essa última sempre me arrancava gargalhadas. De qualquer forma me serviu a lição .

Quando me dei conta os "religiosos" já estavam pregando sozinhos, meus ouvidos já não escutavam. Foi quando já estava em frente a minha casa e desejei "boa noite". Eles responderam:

- Jesus te abençoe!

Confesso que quase respondi:

- Deus te dê vergonha na cara!!!

27 agosto 2006

Eu quero é que se exploda a periferia toda

Parei para pensar a condição da classe média brasileira depois que me lembrei de uma música, nada comercial, do artista Max Gonzaga. Havia assistido ao vídeo da música intitulada "Classe Média" há algum tempo, e pensei que seria válido dar a dica aqui no Blog. Aprendi esta semana que alguns dizem ser, na verdade, "Classe Merdia".
Pra quem não conhece, vale a dica. Clique na foto e confira o vídeo.







Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal

Sou classe média,
compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
e vou de carro que comprei a prestação

Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual

Mais eu “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol

Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no “jardins”
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal

Porque eu não “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

A denominação "classe média" deixou de representar há muito tempo só uma classe econômica (se é que algum dia representou). Ser denominado como classe média expressa, além do econômico, um nível baixo - ou mal aproveitado - de intelecto e cultura.

Esta classe sócio-econômica, intelecto e cultural é alvo fácil para todas as críticas vindas de todas as outras classes sócios-econômicas, intelectos e culturais da sociedade. Encontrei uma definição que reflete bem a forma como a "classe média" é vista:

"...No Brasil ninguém defende a classe média, muito menos seus valores e sua
postura política. Os ricos são naturalmente de direita, são conservadores, querem manter o status quo. A classe média não é de direita nem de esquerda. É de centro e liberal. São os profissionais liberais por excelência, que acreditam na autonomia, na responsabilidade pessoal e social, na poupança para a velhice, nos valores familiares, no imposto sobre herança. Mas o liberalismo é a ideologia mais atacada no Brasil, pela direita e pela esquerda. A direita vê na classe média uma ameaça, a esquerda vê nela a burguesia a ser destruída..."

Professor Stephen Kanitz

Não sei se é absurdo dizer isto, mas acho que ser pobre hoje é o que há. Ser pobre é assumir que não liga para estereótipos e aproveitar o ensejo político social da atualidade e ascender socialmente. Eis um bom momento para os pobres. A classe média, muito pelo contrário. É mais fácil um pobre ascender até a classe média a um "classe mediano" ascender à alta burguesia. Mas isso se deve, sobretudo, aos preconceitos e valores que a classe média ainda carrega. Chega a ser uma ignorância por parte das pessoas, não conseguem enxergar que os símbolos que representavam um status garantido da classe média já deixaram de existir há algum tempo. Poupança já não faz diferença, faculdade já não garante um bom emprego, a sociedade já não se importa com o nome da sua família (um Silva é a autoridade máxima do nosso país), ser médico ou advogado não quer dizer ganhar mais ou estar menos no vermelho que um caminhoneiro. O cara que vende churrasquinho na porta da minha faculdade bancou o curso superior dos dois filhos. Faculdade esta que é uma das mais caras de Brasília (a particular mais importante), estudo eu que sou filha de um militar, com salário defasado; o filho de um ministro de Estado; a filha do engenheiro e também os filhos do cara que vende churrasquinho no estacionamento. O pobre sabe que pra quem já veio da exclusão tudo é lucro. Dar um passo para trás para depois dar dois adiante pode ser uma estratégia. Mas a classe média não larga o osso e vai sendo absorvida pelas novas formas de organização social.

A inclusão digital está quebrando muitas barreiras e contruindo muitas pontes. Li esta semana no Estadão uma entrevista com o cineasta Cacá Diegues e eis que ele declarava, depois de uma longa entrevista sobre os artistas não intelectuais do nosso país, que deixou de acreditar na política, mas ainda acreditava no social:

"...A tecnologia digital democratizou a produção cinematográfica, e esses meninos (das favelas) todos estão filmando. Seus curtas-metragens são originalíssimos, porque são testemunhos de própria voz. Eles são os porta-vozes de si mesmo, e isso faz muita diferença. Um desses curtas, de um cara chamado Luciano Vidigal, lá do Morro do Vidigal, ganhou o prêmio de melhor curta no Festival de Marseille este ano. Está acontecendo uma espécie de alfabetização audiovisual, assim como a Europa se alfabetizou, na aurora do Renascimento, graças à invenção da imprensa. A tecnologia digital corresponde, hoje, à invenção daquela imprensa..."

Esses meninos que vieram da exclusão social fazem desse fato uma bandeira e virarão o jogo. Eles fazem da arte, além de entretenimento, um objeto de reflexão. A tecnologia está abrindo muito espaco para isso...Será que o Brasil vai dar certo somente através dos pobres? Será que teremos uma grande revolução vinda das favelas? Será que a tecnologia vai favorecer todo este processo?

Bem, não me peçam conclusões!!! Ficam aqui as perguntas para quem se habilitar a responder.

24 agosto 2006

Erótico e Pornográfico

Ontem na sala de aula esse tema caiu na pauta. Apesar de já ter discutido muito sobre esse assunto, nunca cheguei a uma definição para essas duas palavras. Abre parênteses – esta questão da utilização das palavras, inclusive, é um bom assunto para outro post, mas o que tenho a dizer neste momento é que um dia aprendemos que as palavras nos traem – fecha parênteses. Fui uma adolescente, acredito eu, normal. Na verdade, acho até que um pouco fora do comum, pois sempre fui compreensiva demais, mal de filha do meio. Morei em Salvador até os 17 anos. Aprendi desde cedo que a maldade está na cabeça dos outros.

As minhas roupas sempre foram as mais curtas possíveis - shortinhos, mini-blusas e por aí vai. Eu não tinha a mínima intenção de provocar, achava era bonito ver o corpo com as suas formas naturais exposto, além do clima quente favorecer o uso dessas roupas. Na minha percepção as roupas eram no máximo sensuais.


Na iminência de completar 18 anos me mudei para o Rio. Uma cidade, que apesar da semelhança climática e geográfica, é muito diferente de Salvador. Tem outro ritmo, uma outra forma de percepção, o time é definitivamente outro. Não renovei o meu guarda-roupa ao chegar no Rio, mas com o passar dos dias verifiquei que os meus trajes não eram muito adequados. Era estranho, em Salvador as roupas curtas eram mais do que aceitáveis. No Rio, das poucas vezes que tentei sair à rua com um short curto, me senti uma transgressora das regras em uma sociedade civilizada. No primeiro retorno à Salvador doei grande parte das minhas roupas às minhas primas, justifiquei que essas não mais faziam parte da minha realidade, não mais se adequavam ao meu novo contexto de vida...(rs, elas acharam ótimo). Só viria a discutir esse assunto quando entrasse na faculdade, onde aprendi, teoricamente, que o “Meio é a Mensagem”- na prática eu já havia atentado para essa questão.

Nas discussões sobre a estética de Salvador sempre vinham aquelas declarações, no mínimo, preconceituosas. Sobre as danças, as formas de se vestir e principalmente as letras das músicas. Defendia: - As pessoas no Nordeste são desprendidas de censura. A sensualidade é uma questão tão inerente quanto a musicalidade para àquele povo. E, no mais, qualquer lixo de música que a Bahia produza não chega a ser pior que os funks cariocas. Essa questão me lembra aquele quadro do programa Fantástico, Central da Periferia, apresentado, com muita competência, por Regina Casé. Ela mostra uma realidade tão feliz e livre de preconceitos na periferia que deve deixar os ricos morrendo de inveja dos pobres.

Depois que me distancie de Salvador nunca mais consegui olhar a minha cidade com os mesmos olhos. Há um ar nostálgico, pois sei que nunca mais vou vivenciar a minha terra como na época de infância, sei que “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio”, porque o homem e nem o rio serão os mesmos (Frase do pensador Heráclito da Grécia Antiga. Para ele, os seres não têm estabilidade nenhuma, estão em constante movimento, modificando-se. Concordo plenamente).

Hoje vejo algumas danças no verão de Salvador como pornográficas, a sensualidade é exacerbada demais. Então conclui, ontem na aula do Professor Provocador, que a pornografia só se sustenta pela repressão, pela censura. O que, na maioria das vezes, é comercial. Não consideramos um quadro que contenha um nú artístico como pornográfico, aquilo é erótico. O nú artístico não é comercializado, é doado. No entanto, no cinema e nas revistas é pornográfico, tudo é vendido, é a exposição, na maioria das vezes encenação.

Pergunte para àquelas meninas de beira de praia - que andam com suas micro roupas, suas marcas de biquíni a mostra – se elas se acham vulgar? Se elas consideram que algo tão natural, dentro da realidade delas, pode ser pornográfico?
Alguns costumam dizer que a graça do erótico ou do sensual está no mostra não mostra, no jogo de esconde, mas eu não concordo com essa tese. A sensualidade é algo que vem de dentro. A sensualidade não é uma exposição, ela é, assim como o erotismo, natural.

18 agosto 2006

Os meus famigerados centavos

Acompanhei na semana passada uma discussão sobre os nossos centavos de troco. "Como é praxe no mercado, quase todos os itens terminam com 99 centavos (o famoso 'right-most digit' tão estudado em marketing) para dar aquela falsa impressão que estamos pagando menos", escreveu um internauta. O problema é que ultimamente, na maior cara de pau, eles nem pedem para ficar devendo. Como era comum, há algum tempo - "Posso ficar te devendo R$ 0,01?", perguntavam com simpatia. Mas isso mudou, agora 99% deles não fazem mais a pergunta.
Ora, se o comportamento deles mudou, deveriam também parar de cobrar os preços quebrados e de nos enganar duplamente. Às vezes o que parece é que somos pão duro (pelo menos eu, pois sempre cobro o meu troco correto), e passamos pelo constrangimento de sermos olhados com olhos de quem diz: - Nossa, o que é R$ 0,01, ou 0,02, ou 0,03?
Numa outra reclamação foi citado o Mc Donald's. Não sei se vocês já repararam, mas existia ao lado dos caixas um porta moedas para que pudéssemos doar nosso troco para ONG's. O problema é que agora, como relatou uma leitora, na Av. Paulista, os atendentes perguntam em voz alta: - "O Sr. quer doar o seu troco?". E, se a resposta for negativa, você é olhado com reprovação pela atitude. Por acaso temos alguma obrigação de doar os nossos trocos?
Isto não acontece só nas grandes redes de compras. Outro dia fui almoçar com a minha mãe e ao final do almoço calculei o valor das comandas, fiz as contas de cabeça mesmo, só para ter noção do valor. Quando cheguei ao caixa o atendente fez a conta numa calculadora de tal forma que eu não conseguia visualizar o valor do total. Logo após disse: - R$ 21,00. Retruquei: R$ 20,85!!! O atendente me olhou e cheio de arrogância pôs a máquina de uma forma que eu pudesse visualizar o valor e refez a conta. E, lá estava: R$ 20,85!!! Como reparação ele me cobrou só R$ 20,00. Imagino que está seja uma prática muito comum.
Eu não me importo com os famigerados centavos, mas já pagamos o preço justo pelos produtos e serviços. Além de impostos, corrupção, roubos... vamos perder também o nosso troco? Para finalizar a discussão, alguém sugeriu: - "Experimente pagar com alguns centavos a menos!". E, um outro, que criássemos o movimento "Troco, Brasil!" e saíssemos pelas ruas com camisetas escritas: "Eu quero meu centavo!"
Bem dizia a minha Vó: - O mal de todo esperto é achar que todo mundo é otário!!!

16 agosto 2006

Topo do mundo
...


Tem dias que temos a certeza de que conquistamos o topo do mundo. Uma felicidade plena toma posse da nossa alma, é como se estivessemos em êxtase, sorrimos para dentro. Ninguém percebe, não queremos que as pessoas saibam o quanto estamos felizes. A noite chega e dormimos o sono dos justos. Mas no dia seguinte, passada a euforia inicial, deixamos finalmente de olhar só para trás, para o caminho percorrido, e nos deparamos com uma longa estrada pela frente. É a vida que segue seu rumo...