24 agosto 2009

Cora Vive


A cidade de Goiás comemorou este final de semana os 120 anos de nascimento de uma das maiores poetisas do Brasil: Cora Coralina. A menina que nasceu velha, como ela mesmo dizia, já devia ter visitado este mundo outras vezes. Como cabia tanta generosidade num olhar?
Uma mulher a frente do seu tempo, que contou e recontou histórias de um interior ainda muito cruel com suas crianças e suas mulheres. A mulher doceira, escondida atrás de marido ciumento, não se deixou passar em branco e registrou através das letras sua filosofia de vida. “Quebrando pedras e plantando flores”, escreveu nas estrelas.

Dizia que a culinária era a maior de todas as artes, e a expressava com seus doces “de receita dobrada”. Ao adentrar sua cozinha e ler nas paredes a poesia que descrevia seus doces, dá para sentir o cheiro do amor que vinha das suas panelas.

O amor também permeou seus textos, que contemplavam as mulheres da vida, os perdidos no mundo – sem eira nem beira – que se abrigaram em sua casa; e os carentes de juízo, que vagavam pelas ruas.

Cora vive! Vive em todos àqueles que acreditam no amor como uma filosofia de vida. Por Cora, fica mais uma vez evidenciado que espíritos de luz passam pela Terra para deixar mensagens de amor à humanidade.
Viva Cora!!!


Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar

Cora Coralina