28 setembro 2008

Guardião de memórias

Aquela foto nos revelou: distantes, desconhecidos, embora, amantes.
Mãos entre as pernas, sorriso constrangido, nem parece marido.
O coração bate forte, é o medo do flash.
O guardião de memórias não revelou, porém, o ciúme.
Escancarado com a implicância incomum.
Não revelou o carinho apertando a mão, apertava o peito também.
Não revelou a vontade de estar perto.
Não revelaria a vontade de dizer que ama demais aquela companhia.
Que no dia seguinte o telefone tocaria.
E, sem pensar, ambos se entregariam ao carinho dos abraços.
Sem saber quando seria a próxima vez.
Por isso, se amariam como se fosse a última.
Nestes encontros, alguém sempre quer colocar o ponto final:
Nas angústias, medos, fofocas, dores...
Alguém sempre quer mais prazer.
É uma relação desigual, ambos sabem.
Mas falar pra quê?
Materializar jamais.
Deixemos as dores noutros quartos.
Não num quarto de motel.

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