29 outubro 2007

Acima da moral


Sair daquele apartamento da forma como sai, era a certeza de nunca mais voltar, por isso, o nó na garganta. Sabia que era a atitude mais sensata, mas ainda assim doía. No fundo o sentimento era de alegria e tristeza, agia sob o julgamento de outros e agia também para fugir deste mesmo julgamento.


Era nítido que o sentimento por ele crescia, e eu não queria viver com a angústia que este sentimento me causava. O adeus tirava um enorme peso das minhas costas. Não seria capaz de precisar como minhas palavras foram recebidas. Havia ensaiado mil coisas para dizer-lhe, mas a sua presença me deixava sem ação, sem graça, sem vida, quase sufocada. E foi do misto destes sentimentos que saiu ... Não quero isto para minha vida!


Sei que a minha atitude não era esperada. Ao descer o elevador as lágrimas chegaram aos olhos, mas não se atreveriam a molhar meu rosto. No térreo, um belo rapaz me paquerou, não era um bom momento, serviu para lembrar que a vida pulsa.

Não poderia mais olhar-te nos olhos, sei da minha verdade, da minha transparência. Há de ter sensibilidade para percebê-la. Se eu tivesse de me explicar, ao meu mundo, não mais valeria a pena. Foi assim que me senti naquele último momento, incompreendida, e isso me feria mortalmente. Assim como a dupla moral, assim como a vida dupla, assim como um bandido amor.

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