13 setembro 2006

No comando de uma máquina possante!!!


Imagine que você saiu de férias. Você mora no sul do Brasil e viajou para o interior do nordeste. Lá resolveu alugar um carro. Aí, DU-VI-DO que você tenha com o carro alugado o mesmo cuidado que você tem ou teria se o carro fosse seu!!! Ainda mais que para evitar aborrecimentos, você resolveu pagar o seguro que cobre todos os possíveis incidentes, acidentes e/ou fenômenos da natureza. Aposto que você irá utilizar o carro de todas as formas possíveis, ou mesmo impossíveis, de um jeito que você nunca teve coragem com o seu possante.

Agora imagine que você também pode alugar um corpo. Um corpo humano. Você só não pode escolher!!! Nada de preferências sobre feminino ou masculino, gostosão ou magricelo/gorducho, cor de pele, cabelos lisos ou crespos, nada disso. Você faria algo diferente do que você faz hoje com o corpo que te pertence? Pare e pense um pouco! Imagine-se livre de preconceitos, afinal, o corpo não é seu mesmo. Aposto que você pouco se importará se o corpo é feio ou bonito ou o quê as pessoas vão achar dele. O seu único intento é se divertir e ser feliz. Sim, enquanto você ocupar esse corpo, você sentirá todas as sensações do corpo humano: dor, desejo, prazer, medo, angústia... Mas lembre-se que ele é só emprestado. Imaginou?! Pensou bem o que você faria de diferente do que faz hoje? ... Pronto, agora que você usou e abusou do corpo alheio pode sair, não, ninguém vai te cobrar nada pelo "estrago" que você causou!!!
Não deixo de acreditar que a sensação que sentirá neste momento será de uma imensa satisfação. Afinal, você pode fazer um monte de coisas que sempre teve vontade e nunca fez, correto?!

Agora imagine que você acordou em um corpo e ninguém te avisou que ele não era seu. Você passará a sua vida inteira cheio de cuidados com este corpo. Se privando de várias possibilidades que o corpo humano oferece por excesso de zelo. Vai passar anos ofendido, e quem sabe, carregar uma vida inteira de complexos, porque alguém na infância apelidou você por causa do seu nariz, seu cabelo, sua perna ou qualquer outra coisa que você mesmo nunca suportou. Então chega a hora de você abandonar o seu corpo, e só neste momento você percebe que o corpo não é seu. A única utilidade dele era ser uma matéria física que lhe proporcionasse sensações de todos os tipos, boas e ruins. Você por algum motivo se sentirá frustrado por ter importado-se com algo que nem lhe pertence?

Acredito eu, que essa seja a sensação que teremos ao fim das nossas vidas. Alguém vai pedir que nos retiremos do corpo, e não teremos que prestar contas a ninguém. E, somente neste momento, perceberemos que ele não nos pertencia e que poderíamos ter aproveitado mais todas as possibilidades que esta máquina nos ofereceu um dia. O único cuidado que deveríamos ter tido era com a saúde, para que o corpo funcionasse a todo vapor e por muito tempo. Neste momento vai bater um arrependimento tremendo, em alguns, e um enorme alívio, em outros.

Um comentário:

Mauro Belmiro disse...

Amiga Letícia,

Bem que tenho tentado aproveitar todas as possibilidades que meu corpo me oferece, mas tenho sempre a sensação de que poderia aproveitar muito mais.

Será que sou compulsiva ou há de fato um limite para esse uso "a todo vapor"?

Beijos e mais beijos,

Ju