24 agosto 2006

Erótico e Pornográfico

Ontem na sala de aula esse tema caiu na pauta. Apesar de já ter discutido muito sobre esse assunto, nunca cheguei a uma definição para essas duas palavras. Abre parênteses – esta questão da utilização das palavras, inclusive, é um bom assunto para outro post, mas o que tenho a dizer neste momento é que um dia aprendemos que as palavras nos traem – fecha parênteses. Fui uma adolescente, acredito eu, normal. Na verdade, acho até que um pouco fora do comum, pois sempre fui compreensiva demais, mal de filha do meio. Morei em Salvador até os 17 anos. Aprendi desde cedo que a maldade está na cabeça dos outros.

As minhas roupas sempre foram as mais curtas possíveis - shortinhos, mini-blusas e por aí vai. Eu não tinha a mínima intenção de provocar, achava era bonito ver o corpo com as suas formas naturais exposto, além do clima quente favorecer o uso dessas roupas. Na minha percepção as roupas eram no máximo sensuais.


Na iminência de completar 18 anos me mudei para o Rio. Uma cidade, que apesar da semelhança climática e geográfica, é muito diferente de Salvador. Tem outro ritmo, uma outra forma de percepção, o time é definitivamente outro. Não renovei o meu guarda-roupa ao chegar no Rio, mas com o passar dos dias verifiquei que os meus trajes não eram muito adequados. Era estranho, em Salvador as roupas curtas eram mais do que aceitáveis. No Rio, das poucas vezes que tentei sair à rua com um short curto, me senti uma transgressora das regras em uma sociedade civilizada. No primeiro retorno à Salvador doei grande parte das minhas roupas às minhas primas, justifiquei que essas não mais faziam parte da minha realidade, não mais se adequavam ao meu novo contexto de vida...(rs, elas acharam ótimo). Só viria a discutir esse assunto quando entrasse na faculdade, onde aprendi, teoricamente, que o “Meio é a Mensagem”- na prática eu já havia atentado para essa questão.

Nas discussões sobre a estética de Salvador sempre vinham aquelas declarações, no mínimo, preconceituosas. Sobre as danças, as formas de se vestir e principalmente as letras das músicas. Defendia: - As pessoas no Nordeste são desprendidas de censura. A sensualidade é uma questão tão inerente quanto a musicalidade para àquele povo. E, no mais, qualquer lixo de música que a Bahia produza não chega a ser pior que os funks cariocas. Essa questão me lembra aquele quadro do programa Fantástico, Central da Periferia, apresentado, com muita competência, por Regina Casé. Ela mostra uma realidade tão feliz e livre de preconceitos na periferia que deve deixar os ricos morrendo de inveja dos pobres.

Depois que me distancie de Salvador nunca mais consegui olhar a minha cidade com os mesmos olhos. Há um ar nostálgico, pois sei que nunca mais vou vivenciar a minha terra como na época de infância, sei que “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio”, porque o homem e nem o rio serão os mesmos (Frase do pensador Heráclito da Grécia Antiga. Para ele, os seres não têm estabilidade nenhuma, estão em constante movimento, modificando-se. Concordo plenamente).

Hoje vejo algumas danças no verão de Salvador como pornográficas, a sensualidade é exacerbada demais. Então conclui, ontem na aula do Professor Provocador, que a pornografia só se sustenta pela repressão, pela censura. O que, na maioria das vezes, é comercial. Não consideramos um quadro que contenha um nú artístico como pornográfico, aquilo é erótico. O nú artístico não é comercializado, é doado. No entanto, no cinema e nas revistas é pornográfico, tudo é vendido, é a exposição, na maioria das vezes encenação.

Pergunte para àquelas meninas de beira de praia - que andam com suas micro roupas, suas marcas de biquíni a mostra – se elas se acham vulgar? Se elas consideram que algo tão natural, dentro da realidade delas, pode ser pornográfico?
Alguns costumam dizer que a graça do erótico ou do sensual está no mostra não mostra, no jogo de esconde, mas eu não concordo com essa tese. A sensualidade é algo que vem de dentro. A sensualidade não é uma exposição, ela é, assim como o erotismo, natural.

11 comentários:

Letícia Alcântara disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

E então? Esse texto quer dizer o que? O tema é polêmico,mas você só atenuou mostrando os dois lados de alguém que viveu nos dois lugares. Acho que não acrescentou nada.
Agora Falando do texto: Não vi nada novo, também ví poucas coisas erradas. O texto seguiu a fórmula
*fato particular=>constatação de esteriótipo=> negação do estereótipo=> encerramento em aberto SEM conclusão incisiva*

Meio sem graça esse texto.

Anônimo disse...

IHHHH...
Vc tem de aprovar os comentários??

Q COVARDIA HEIN??

huahuahua...

Letícia Alcântara disse...

Não tenho problemas eu autorizar comentários negativos, mas exigo pelo menos um assinatura.

Anônimo disse...

... Ju é virtual; a pessoa que a publica, supostamente real...
By the way - o que significa dizer que o erotismo "é natural"?...

Letícia Alcântara disse...

Por que tudo que faz parte da cultura é natural. Não devemos, por exemplo, dizer que alguém não tem cultura. A cultura é a forma de levar a vida; a forma que se come, o hábito de comer arroz e feijão; a forma de se vestir, a forma como se discuti política, futebol. Segundo a Wikipédia: Erotismo é o conjunto de expressões culturais e artísticas humanas referentes ao sexo.

Anônimo disse...

A contra cultura,
Eu ouço pela manhã de algum jornalista que eu gosto comentários sobre os "Pocotós". Ainda terei o prazer de escutar que a sensuallidade não é vulgar - ou seja uma manifestação "Pocotista" - sim, que a sensualidade é algo que vem de dentro.

Um beijo!

Anônimo disse...

Também tive aulas com esse Professor Provocador. Confesso que saía de lá, todas as sextas-feiras, pensando além da conta. Mas isso me fez bem, assim como tem feito a você, Letícia. Parabéns pelo blog.

Anônimo disse...

Muito boa a colocação das questões. Sem comentários!

Anônimo disse...

Os outros não precisam ler. Isso dói em quem quer ficar na redoma de vidro.
Vc só posta comentários positivos, e não venha com essa d q anônimo não pode. Afinal, vc autorizou um anônimo que fala bem de vc...

é triste...
e diz q é jornalista.

Letícia Alcântara disse...

Vergonha,

Autorizei os comentários pq naum tenho medo de criticas. Quem me conhece sabe que tenho coragem o suficiente para dar a cara a tapa. Volto a afirmar, naum tenho medo de recber criticas, soh naum quero que este blog se torne um espaco para criticas infundadas de pessoas que nao sabem fazer nada e ficam detonando o trabalho dos outros e/ou possivelmente me conhecem e naum gostam de mim. Este blog eh um espaco publico em que exponho as minhas ideias. Mas sem problemas, o mundo eh de quem faz. Quanto aos comentarios anonimos e positivos, que foram publicados, conheco a todos. Vou orienta-los a naum mais postar como anonimos.

Ignore a falta de pontuacao, pois meu teclado estah desconfigurado.