02 agosto 2006

Num tempo de incertezas encontro um provocador...

Tudo que eu não queria este semestre era encontrar pela frente um provocador. Tenho andado tão cheia de dúvidas e incertezas que tento não aumentá-las ainda mais. Porém, acho que não dei sorte, pelo menos é o que parece neste primeiro momento.

Ontem foi o meu primeiro dia de aula com o professor Sérgio Euclides, ele ministra a matéria de Crítica à Mídia. E, arranjei foi um bom provocador pra incendiar ainda mais as minhas idéias. Ele jogou lenha na minha fogueira de muitas dúvidas e questionamentos. Espero que vocês não tenham me achado fútil pelos meus textos anteriores, mas é que eu tenho tentado fugir de pensamentos complexos. São tantos problemas: socias, econômicos, ambientais, profissionais, políticos, que a minha cabeça parece que não consegue descansar. Em verdade, as minhas dúvidas são tantas, ultimamente, que ontem no caminho da faculdade para casa, depois da aula do professor provocador, me senti um tanto quanto febril. Nas últimas noites tenho acordado com a mente em ebulição.

Quando ele começou a ministrar a aula me senti numa igreja, onde o pastor lista inúmeros problemas de forma que parece estar se dirigindo unicamente a você. É o que chamamos de persuasão. Mas ele não falou de problemas financeiros, amorosos, familiares, como os pastores falam para pegar no pé da maioria das pessoas. Ele falou de sociedade da informação, falou da falta de visões sobre um futuro próximo, que é o nosso de comunicólogos. O surgimento de novas tecnologias, as novas formas de percepção das pessoas, as novas formas de informar, de se informar, o que nos torna reféns dos acontecimentos. Me sinto no dever de experimentar, de fazer experiências e trabalhar no "olho de um furacão". A diferença do meu professor provocador para um pastor é que o pastor tem respostas, ou pelo menos diz que tem, o professor não. E ele não está fazendo "tipo" ao afirmar isso, talvez ele estivesse para nos levar à reflexão, mas não está. Foi como o exemplo que ele mesmo deu sobre a curta trajetória em que Bill Gates construiu a sua fortuna, em um pequeno espaço de tempo, apenas 15 anos. O segredo do sucesso foi a aposta - ele apostou em software enquanto todos achavam que o mais importante era hardware.

A comunicação agora passa pelo mesmo momento que o desenvolvimento de programas de software passava há 15 anos atrás. Eu me cobro, não no sentido de pensar à frente e construir uma carreira como a do homem mais rico do mundo, e sim no sentido de não perder o bonde andando. Me sinto na obrigação de não chegar ao mercado com idéias ultrapassadas. O pouco do que sei de Jornalismo hoje é o que a maioria dos jornalistas que atuam no mercado sabe. Aprendemos a reproduzir técnicas e quero fugir justamente disso. Vivemos perguntando qual será o futuro dos maiores jornais do país. Eles serão extintos? Afinal, temos o fenômeno mundial de jornais impressos perdendo cada dia mais leitores. As pessoas agora lêem notícias pelo celular, palmtop, internet, ipods e blogs. A busca de notícias na internet cresceu rapidamente de 90 a 2000 e incrivelmente na universidade ainda temos como principal disciplina o jornal impresso. Conforme deu no Blue Bus ontem, a mais nova edição da pesquisa do Pew Research Center sobre o consumo de noticias nos EUA indica que 1 de cada 3 americanos usa a internet regularmente para ler notícias. Há 10 anos, era apenas 1 em cada 50 americanos.

Acho que a matéria Crítica à Mídia vai me trazer ainda mais reflexões, mas tenho certeza que estas serão reflexões muito positivas. Neste momento de dúvidas e incertezas é fácil notar um manancial de pessoas correrem para a estabilidade do serviço público. Isso demonstra a clara incerteza das pessoas quanto ao futuro que ainda não está delineado claramente. Eu prefiro arriscar, mesmo com receio. Como diria o poeta Raul, "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante".

Das poucas certezas que tenho, acredito, desde já, que chegarei ao final deste curso sem muitas respostas, o que no fundo acho bom. Pois, como sou neste momento uma peça neste imenso jogo de xadrez que está se movimentando, também serei eu a resposta para muitas das minhas dúvidas daqui a alguns anos. Só temos respostas daquilo que perguntamos.

7 comentários:

Anônimo disse...

Létícia Cântara!... esse nome propaga inteligência! Blog simplesmente maravilhoso... palavras organizadas de forma surpreendente... Provocações são sempre bem aceitas, porém me sinto de mãos atadas diante de tantos problemas. Na verdade não sei como agir, não sei enfrentá-los!
Um grande abraço linda morena!!

Dyego Spindola

Anônimo disse...

Os problemas socioculturais são fatos contidos na sociedade mundial, e pessoas que procuram solucionar esses problemas, também.

Porém, não podemos deixar que banalizem esses problemas, sim, procurar aguçar os sentidos das pessoas que são a favor de uma sociedade igualitária. Outra coisa, temos alguns leques de ferramentas em nossas mangas que podemos usar para combater a "miséria social", exemplo disso e filiar-se ao Greenpace, médicos do mundo, dentre outros.

Anônimo disse...

Não se preocupem se os formatos das notícias são impressas ou em meios eletrônicos. A melhor coisa é não ler, assim não nos aprofundamos nas coisas, não precisamos nos estressar com a realidade ao nosso redor, nem nos preocupar com nada. Assistam televisão, nela recebemos a informação toda pronta, sem nos dar margem de avaliar ao fundo o teor da notícia ou o conteúdo. Não leia, veja imagens em movimentos, coloridas, com som! Pra que se prender a palavras em preto e fotos estáticas, além de sujar a mão com tintas que provocam espirros?

Anônimo disse...

Texto perfeito...
Sérgio Euclides foi um dos melhores professores que tive na faculdade. Se essa foi a impressão da primeira aula, espere as próximas.Tem quem ame e quem odeie ele. Quem não gosta pertece ao grupo de pessoas que não tá muito afim de pensar ou que está na faculdade para ter um diploma para mostrar para os pais.Quem gosta, aprende e aceita as provocações. Homem polêmico que eu tenho profunda admiração.
Lele , teu blog tá muito legal...Vou colocar nos meus favoritos e acessar sempre.Bjus Érica

Anônimo disse...

O que eu posso falar sobre este assunto? Hum! Deixe-me pensar no seu caso:vai procurar um analista!
São variadas as dúvidas, mas siga o caminho da razão, a tua razão. Bjus pra ti!!!

Anônimo disse...

... Letícia, não se preocupe em demasiado: se bem-sucedida, a discussão caminhará por terrenos difíceis - pântanos, desertos, a ameaça das escarpas - e não chegará a qualquer lugar que não um jardim de dúvidas no terraço das tuas expectativas... Um consolo? Você certamente encontrará companheiros fiéis ao longo da jornada. Nos vemos então!

Anônimo disse...

... Letícia, não se preocupe muito: se bem-sucedida, a discussão caminhará por terrenos difíceis - pântanos, desertos, a ameaça das escarpas - e não chegará a qualquer lugar além de um jardim de dúvidas no terraço das tuas expectativas... Um consolo? Você certamente encontrará companheiros fiéis ao longo da jornada. Nos vemos então!